terça-feira, 7 de dezembro de 2004

1976 - a propósito de tudo isto, olhe que não, olhe que não...

Ontem vi na RTP Memória o mais famoso debate político de todos os tempos, Cunhal vs. Soares, siderou-me!

Os mediadores fumam entre perguntas e respostas, o Joaquim Letria é um rapaz, o programa faz o seu intervalo para que se possa mudar de bobine, já que é gravado e as limitações técnicas o exigem, cada um fala livremente e o debate dura horas sem fim, sem compromissos posteriores de telenovelas ou publicidade, numa luta fascinante de ideias políticas e intelecto. O compromisso é o esclarecimento do povo e este é mesmo o nome do debate! Fala-se de direita reaccionária, de ordem democrática, de movimento das forças armadas, de regime revolucionário, de liberdades e garatias, fala-se de progressistas e reaccionários, fala-se de vanguarda e conspiração, diz-se que o Sá Carneiro come criancinhas, diz-se que se se é progressista é-se comunista e se não se é comunista, é-se reaccionário, diz-se talvez não, sô tôr, talvez não...

-Se não me deixa falar, a liberdade e os métodos democráticos ficam aqui um bocado em crise!
-Fale, fale, que até gosto muito de o ouvir!
-Devem ser saneados homens que conspirem contra a democracia!
-O Dr. Cunhal tem o hábito de classificar as pessoas.
-Há sabotagem à democracia sim, e vem da direita e estou disposto a lutar contra ela mas também há sabotagens ao governo a partir dos comunistas!
-Pessoas foram espancadas para se fazer passar decretos no Ministério do Trabalho!
-Não diga isso, sô tôr...
-Nós o que queremos é que as terras não voltem para as mãos dos agrários, dos Champallimaud, dos Mello e desses que se diz que já não existem. A terra é dos trabalhadores!
-O povo sabe que eu não minto e o povo tem formas de saber e decidir quem são os progressistas e os reaccionários.
-A terra, a imprensa, a industria é dos trabalhadores, é do povo!

Nesta altura, em 1976, o povo, o velhote da aldeia recôndita, sabia o que era a reforma agrária, compreendia-a, compreendia o que lhe diziam os políticos, o que se passava ao seu redor, qual era o melhor dos caminhos propostos, mesmo que mais tarde se tenha revelado menos do que se esperava... O povo tomava o poder em forma de democracia responsável, consciente, actuante! A democracia e o acto eleitoral pululavam de vida e de vigor nas mãos do povo! Hoje o mesmo povo parece uma virtualidade democrática, um espectro alienado de opinião, despojado do poder, resignado ao sensacionalismo do entretenimento, sem alma, sem intenção, sem fome de esclarecimento. O povo só grita "Isto é um Timor autêntico, isto é um massacre!" nas suas manifestações televisivas de Canas de Senhorim a conselho. O povo não elege, o povo delega o que não quer fazer nem saber, o povo não sabe, o povo não quer saber! Será que a Democracia e o voto em 1976 valiam mais do que hoje, 2004? Hoje pensar e discutir política é inóquo, o voto é um acto fantoche? Não me parece...
Ontem impressionou-me a força de um debate de ideias; hoje são assinados acordos de 20 páginas para determinar como decorrerá o debate, são interrompidas as ideias para intervalos de compromissos publicitários, tudo soa a demagogia, não se acredita em ninguém e eu penso que mudámos todos, não se exige a verdade nem ao povo nem à classe política. E confirmo veementemente o que sempre senti, deve ter sido um tempo fantástico e perigoso este dos governos provisórios, um tempo de conspirações, de abusos, um tempo de ideias e de revolução, onde o melhor e o pior de todos se revela na sua forma mais livre e eu queria muito ter estado lá!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

A outra face da reacção

Sem dúvida que é muito confortável não reagir.
É contra esse conforto que eu luto e por isso gostei tanto das palavras do Daniel Sampaio. Abanar os corpos moles sentados em sofás e a engolir tudo o que a televisão e as play stations lhes dão. Não proponho outra solução porque creio que a única solução possível é devolver às pessoas o interesse pelo futuro do seu país.

Mas creio que ainda mais confortável é reagir à reacção. E para estar de moda, porque parece que está de moda estar de moda, estar em desacordo não fundamentado com certos ideais a que seguramente chamam "revolucionários de gaveta".
Pois eu não considero que seja necessário sair à rua e gritar as frases de moda (muito menos que a democracia está em perigo, porque para mim isso seria uma felicidade já que não acredito nela!) nem pintar cartazes. Ainda que me alegraria ver o povo português unido por uma causa diferente da do futebol...
Considero que faz falta educar. As palavras do Daniel Sampaio e de muitos outros, desde há já algum tempo, ensinam o que é e o que poderia ser. A decisão de quem as lê, não é mais do que isso: a sua própria decisão.

Mas tenho que confessar que me dói profundamente ver pessoas inteligentes e lutadoras , pessoas que conseguiram (por seus méritos mas também porque lhes foi dada a oportunidade de fazer valer esses méritos) atingir um nível social e intelectual muito superior à média, a perder o seu tempo a reagir contra a reacção. A gastar a sua energia em criticar aqueles, que estando tão perdidos como todos os demais, tentam buscar um caminho de escape. E dizem-lhes: "Ó meu parvo olha que por aí não há caminho". E dizem-no muitas vezes sabendo de antemão qual é o melhor caminho, mas continuam sentados na sua confortável pedra a ver como se aproxima a tormenta. E então, quando se encontram totalmente encurralados, começam a atirar pedras à tormenta e a fugir aos tropeções.

Até pode ser que o caminho não exista, mas eu prefiro ser engolida pela tormenta com a satisfação de ter tentado. A minha tentativa não foi a mais inteligente, ou a mais eficaz? É bem possível que não. Mas foi uma tentativa.

A essas mentes brilhantes que descortinam as soluções sem ter que sair do seu confortável sofá, o único que eu peço é que partilhem as suas ideias, que ensinem aqueles que não tiveram a sorte de nascer com esse dom.
Mas que por favor, não atirem pedras para dentro das próprias trincheiras.

Não foram preciso greves gerais para que se convocassem eleições, mas se elas tivessem existido, é possível que que nunca tivesse havido nenhuma crise nos meios de comunicação social, ou que não houvesse um mau funcionamento do programa de colocação de professores, ou que os 6000 contratos para investigadores não tivessem sido afinal convertidos em 6000 bolsas.

Não vai ser preciso ir votar em Fevereiro (para quê sair do sofá?, eu até nem confio em nenhum partido) mas os que o fizerem, por muito poucos que sejam, darão a sua opinião que será delegada nos seus representantes. E se eles lhes falharem , porque somos humanos!, terão todo o direito em pedir-lhes contas. Se o voto for em branco, terão dito claramente que nenhum partido apresentado lhes transmite a confiança de delegar nele as suas opiniões. Os que não tiverem votado, estarão apenas a atirar pedras à tormenta.

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

CARTA ABERTA À GERAÇÃO DOS MEUS FILHOS

Por Daniel Sampaio


Meus Amigos: Confio em vocês. Sou a favor do fosso intergeracional e adoro que os mais novos não concordem com os mais velhos.
As sociedades avançam por rupturas, as famílias crescem emocionalmente quando se confrontam sem se afrontarem.
Cresci numa família democrática. Os meus pais estimulavam a discussão com os dois filhos e não se importavam de gastar horas a defender os seus pontos de vista. Foi assim que aos doze anos comecei a entender a democracia, quando o meu irmão, sete anos mais velho, me explicou Humberto Delgado. Não quero recordar-vos Salazar e Caetano. Sei que isso está fora do nosso (meu e vosso) tempo. Apenas quero reivindicar uma coisa: os corajosos da minha geração fizeram o 25 de Abril de 1974 para que vocês, geração dos meus filhos, crescessem em liberdade.
Quando digo a alguém da vossa idade que, há trinta anos, não se podia dizer tudo o que apetecia, quase não acreditam. Compreendo: viveram a poder exclamar o amor e a saudade, a ternura e a raiva. Quando queriam, puderam romper, sem medo, com tudo com que não concordavam.É por isso que peço para estarem muito atentos. Não uso frases do passado, género «fascismo nunca mais» ou «a democracia está em perigo».
Não é verdade, e são expressões que vos causam tédio. Quero apenas dizer-vos que, se não ousarem, falharão no essencial: deixarão de construir uma sociedade melhor para os vossos filhos (nesse aspecto, os «velhos» não falharam, vive-se hoje bem melhor do que na juventude dos meus pais). Pois bem: vejam o «governo» da República.
Portugal transformou-se no paraíso dos humoristas. Existem tantas graças sobre os nossos «governantes», que se atropelam nas cabeças dos criativos de humor. E se tantas vezes não sabemos se a «Sit Down Comedy» de Luís Filipe Borges, neste jornal, ou as páginas do Inimigo Público são notícias a brincar ou descrições realistas, a verdade é que nos assalta a certeza de que Portugal vai mal. Nesta semana vi estudantes espancados e a levarem com gás, como era habitual no meu tempo, mas julgava impossível no vosso tempo; ouvi o director-geral das Prisões a propor a redução das visitas aos presos, para melhorar o problema da droga no sistema prisional; e indignei-me com o ministro da Presidência a falar dos limites à independência, a propósito da televisão pública. Se deixarmos estes factos sem protesto, o risível «governo» que temos proporá mais: voltarão os jactos de tinta e mais prisões sobre estudantes; serão definitivamente proibidas as visitas aos presos, e o problema da droga no sistema será resolvido; os directores de programação das televisões e os directores de alguns jornais reportarão directamente ao ministro da tutela; o insucesso escolar acabará, graças a um despacho da prof. Maria do Carmo Seabra: todos os alunos com duas negativas no Natal serão automaticamente expulsos da escola. E o «governo» continuará a sorrir, centenas de conselheiros de imagem ajeitarão as gravatas dos ministros e o cabelo das ministras, todos dirão que tudo vai bem. Sei que vocês não aguentarão mais. Ouço-vos em toda a parte, por enquanto em surdina, em breve até que a voz vos doa.
E por isso vos peço: ajudem a derrubar este governo. Pela verdade e dignidade da vossa geração. Para que, tal como os vossos pais quando contaram 1974, possam dizer aos vossos filhos: sabes, fizemos um segundo 25 de Abril, só com arte e coragem, e o governo foi-se embora.

Com toda a v(n)ossa força Daniel Sampaio

sexta-feira, 26 de novembro de 2004

Lindo!!!

Acordo Ortográfico prestes a entrar em vigor

«Com a ratificação praticamente concluída, o mais provável é que no início do próximo ano se tornem oficiais as alterações à língua portuguesa acordadas pelos oito países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

(...)

Entre as alterações com a aplicação do acordo ortográfico contam-se a eliminação das consoantes mudas como o 'P' em óptimo e o 'C' em directo.

Quanto às palavras compostas que até agora eram ligadas por hífen... o hífen desaparecerá e as duas palavras passarão a uma única.»

Até o Camões trocou a pala de olho!!!


Mas... até me parece bastante interessante numa perspectiva futura em que o Português se torne uma língua internacional.


Parafraseando Fernando Pessoa: "A minha pátria é a língua portuguesa."

terça-feira, 9 de novembro de 2004

O Aquecedor

- Ouviste o que disse o aquecedor?
- Como?
- Repara na luz. Repara como muda de intensidade... Está a dizer qualquer coisa!
- Mas isso é um aquecedor, não fala!!!
- Shut!... Não ouves o murmúrio?... Está a dizer qualquer coisa!
- Mas isso é o barulho da electricidade a passar...
- Shut!... Escuta!...
- Deixa-te de tretas. Vamos embora!
- Não posso.
- Não podes?!?...
- Tenho de ficar ao pé da luz. Está a querer dizer-me qualquer coisa! É importante!...
- Importante?!? Ainda acabas é na Casa Amarela a apanhar choques eléctricos...
- Pois eu acho que há aqui uma entidade qualquer, um ser de outra dimensão, uma energia cósmica, a tentar estabelecer contacto comigo... Repara no cintilar, nas pequeninas explosões de luz... Isto não é electricidade!
- Não!... Isso não é electricidade... São miolos a fritar!
- O quê?
- Disse que tens os miolos a fritar. Deve ser do calor...
- Por acaso estou cheio de frio!... Não queres ligar o aquecedor?
- Mas tens o aquecedor no máximo! Nem sei como não te queimas, aí tão perto...
- Shut!... Escuta!...
- Bom, vou-me embora! Depois conta-me o que te disse o ET...

(Mão Morta)

segunda-feira, 8 de novembro de 2004

A sequela do Estrume

A sequela do Estrume
Hoje tou fodido!...
No nosso lindo passeio, dei cabo do joelho...
Fui ao médico e o gajo receitou-me um anti-inflamatório e disse-me: "andas a arranjar maneira de ir à faca"!
O anti-inflamatório, deu-me cabo do estômago e fiquei com uma gastrite!
Os remédio para o estômago lixaram-me os intestinos, e ainda por cima causam impotência!
Ora, por ter os intestinos mal, passei muito tempo na sanita!
Na sanita apanhei frio e fiquei com gripe!
Por causa da gripe estou com febre, dores de cabeça, dores musculares e tonturas!
Por causa das tonturas bati com o cotovelo na porta!
Ou seja, FDP de fim-de-semana!!!
Se apanha o FDP do médico, vou parti-lo todo!
Hoje tou fodido!



quinta-feira, 28 de outubro de 2004

ALGO ESTÁ MAL NO REINO DE PORTUGAL

se não vejam o seguinte comentário publicado no "Público" de hoje:

http://jornal.publico.pt/2004/10/28/sotexto/EspacoPublico/OEDIT.html

Sinto-me na obrigação de fazer qualquer coisa. Sei lá... fazer explodir uma bomba de merda no centro das principais cidades do país, de tal forma que fique escrito no chão com letras fedorentas:

ACORDAI PORTUGUESES!

sábado, 23 de outubro de 2004

O simples prazer de deitar conversa fora

Há prazeres simples que nos dão satisfações simples. Não quero nem vou tentar descrevê-los ou enumerá-los... são muitos.

Mas um é, definitivamente, mandar conversa fora com os amigos.

Assim... fora... já está!
Será necessário mais?

Para mim chega, pelo menos para hoje.

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

Medo

Tenho medo de não estar suficientemente viva para poder morrer em paz.
Tenho medo que o mundo seja mesmo tão mau como me mostram.
Tenho medo que o ar deixe de vibrar na minha garganta e que as minhas palavras se percam em preconceitos inúteis.
Tenho medo que o teclado do meu computador deixe de existir e eu me limite a poder usar o rato.
Tenho medo que se construa uma máquina que absorva gritos e que seque lágrimas.
Tenho medo de perder as forças no dia em que decidir mudar o curso dos rios.
Tenho medo que um dedo baste para que se cortem muitos outros.
Tenho medo que roubem a Lua e que ponham um olho gigante no seu lugar.
Tenho medo de acordar um dia sem sentir medo...

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

[5] Os preparativos

O careca-filho-da-mãe leva as lanternas – dizem que não é preciso, as cavernas têm luz eléctrica. – Então vamos todos morrer antes de reclamarmos a invenção da coca-cola. Quem nos mandou a este buraco, general? – Foi o homem da porta 24, aquele das laranjas e da mala misteriosa.
- O Homem da porta 24 falou-nos de uma hipótese remota de sairmos ilesos dos túneis. Houve um dia em que a montanha, pela primeira vez, arrotou um homem. Na verdade já lá esteve um tal de Mr. Lizardball e o sujeito não é nenhum super herói. Pelos vistos, lá dentro, não podemos correr muito e o que temos de fazer é...
- Sim?
- É simplesmente seguir as migalhas e, às apalpadelas lá descobrir que o nosso lugar não é aquele.
- Só isso? E não o trouxeram? Queremos que o sr. Lizardball nos acompanhe, eu não vou entrar ali sem ele.
- Não te preocupes. O gajo estará a observar-nos, está a observar-nos neste preciso momento... e talvez nos dê mais algumas dicas. – Como? – Perguntou a Catarina. – Não adianta explicar-te agora... tu nem sabes o que é um blog...

Do caos e dos coabitantes

Como reza a profecia: quando os heterónimos apareceram a dúvida e o mistério se instalaram. A partir daí a discussão perdeu os limites impostos por qualquer pseudo-Mahoma que alguém criou mas que ninguém conhece embora se lhe confira um certo nível de autoridade e legitimidade para a exercer.

O anonimato é perfeito mas delicado enquanto fascinante, permite o exercício de todas as liberdades mesmo as não permitidas. A delicadeza reside na impossibilidade da imputação de culpas e desculpas enquanto o fascino reside na mesma impossibilidade acrescentando a pitada de condimento (por vezes em quantidade e outras vezes até demais) que anima a própria discussão. Óptimo! Que saboroso que é!


Mas que fazer quando os ideais se confrontam?


Poderemos continuar na ânsia da discussão altiva, intelectual, alomórfica, sem, no entanto, optar definitivamente pelo anonimato ou não?

Poderá a liberdade dos identificados prevalecer coabitando com os não-identificados?

Poderão os primeiros e segundos continuar no caminho do mesmo ideal sendo uns coagidos a limites de mundos terceiros e os segundos coagidos apenas ao carácter deles mesmos?

Será viável aceitar que esta coabitação seja saudável permitindo que, em última análise, os segundos (controlados por ninguém senão eles mesmos) tenham o poder de afectar directamente e com efeitos menos positivos a identidade identificada dos primeiros? Mesmo ao ponto de extravasarem as fronteiras da virtualidade e invadirem mundos terceiros, inclusive, o real?

Há muito que faço o esforço e ceder à tentação do heterónimo sem, no entanto, ter sido crítico quanto ao uso dessa ardilosa ferramenta por outros coabitantes. Acho que a coragem reside na identificação, na verdadeira afirmação sem medos e consciente da possibilidade de outros impactos (no aquém ou mesmo no além) porque, no fundo, assumo a liberdade de expressão bem como a responsabilidade dela.

Portanto, é no meu entender, chegada a altura de repensar visto que os universos cresceram de ambos os lados das perspectivas. Foram conquistados adeptos de para ambos os lados da barricada que se começa a formar. Tal como foram reconvertidos uns e outros de um e outro lado para outro e um lado. O caos evoluiu e é o caos que promove a evolução no seu círculo em constantes dualidade que o caracteriza, paradoxalmente, tanto como virtuoso com vicioso.


E vos coloco a final questão: Quando foi que nos perdemos?


Não perdemos, dizeis alguns de vós, então como foi que nos separámos?

Vejo que estamos todos no mesmo barco mas que alguns se dizem que não mais progredimos no mesmo sentido que inicialmente idealizámos. Será que esse ideal se encontra, por força de realidade e da evolução, desactualizado?


Exijo-vos uma resposta não por vocês, não por mim, mas por uma sequela que, se existiu, não me parece que exista agora.

Porque ou estrume é merda ou estrume é bosta. E se o conteúdo vos parece o mesmo (e é!) não o é a forma! E, na forma, está o maior dos segredos sem (nunca, jamais, em tempo algum) esquecer o conteúdo: caca.

Bem hajam,

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

terça-feira, 12 de outubro de 2004

Cocei o nariz e nasci!

sexta-feira, 8 de outubro de 2004

Mamã, porque é que o Porco dos Túneis fica sempre em primeiro lugar????

Até no nosso blog já há tachos? Quem é o teu loby El Nojo? Quem é ? Quem é? Quantos são?

O princípio do contraditório

Não está aqui em causa a defesa dos comentários que Marcelo faz. O que está em causa é, como dizia Voltaire, o direito dele fazer esses comentários.
Isso é o que tu dizes.

Só com muito descaramento o governo se lembrou agora de criticar o formato dos seus comentários.
Descarado és tu, pá.

Marcelo é um dos militantes mais antigos do PSD.
PPD/PSD, vê lá se aprendes. És mesmo parvalhão.

Foi presidente deste partido. Está bem abelha Faz estes comentários assim há quatro anos e meio sem nunca o PSD se ter queixado.
És um caixa d'óculos.

Ajudou à festa do fim do guterrismo.
Caixa d'óculos! Caixa d'óculos!

Levou o barrosismo ao colo, justificando as incompetências do anterior governo com "problemas de comunicação".
Não tou-te a ouvir! Tou a tapar os ouvidos! La-la-la-lalala!

Só agora, quando o santanismo não leva ainda três meses, é que o PSD descobriu os problemas com a falta de contraditório e a extensão dos comentários dominicais.
Olha! Olha! Tens macacos na nariz. Seu ranhoso, vai-te assoar!

E, para todos os efeitos, provocou o seu fim.
Cuecas às bolinhas! Mijas na cama!

À Media Capital só podem pedir responsabilidades os accionistas e a Alta-autoridade para a Comunicação Social.
Não és filho dos teus pais, piolhoso! A tua mãe encontrou-te no lixo!

Ao governo temos de pedir nós.
Cócó frito! Lombriga assada! Nhã nhã nhã!

quinta-feira, 7 de outubro de 2004

LIBERDADE DE EXPRESSÃO? SIM, MAS SE EU QUISER...

Sinto-me orgulhosa do nosso governo!
Parabéns Sr. Santana, ou Lopes como desejar. Conseguiu fazer um trabalho estupendo... o insurrecto do Marcelo Rebelo de Sousa já há tempo que andava a produzir pruridos na consciência dos portugueses. E ai de nós alimentar esse tipo de sarna... um perigo! Nós quero-mo-los é sosegadinhos e burrinhos. Felizes com "Quintas das Celebridades" e cª. Ó Sr. Primeiro ministro, já ponderou a possibilidade de participar na próxima edição do Big Brother? Isso é que era...o seu índice de popularidade subia logo! Talvez conseguisse igualar o da sua Ex e o das suas ricas filhas!
Bom, mas voltando ao que interessa. Muito obrigada por manter este nível são de discussão pública, nem muito nem pouco... o melhor é nada! Eu se estivesse no seu lugar, não ficava descansado com esse tal Marcelo... eu era mas é de serviço de escutas para cima. Não vá ele ter uma recaída do tipo telefónico.... como o desgraçado do presidente da PJ. E um conselho... tenha cuidado com o Marques Mendes, parece-me a mim que ele também quer conversa...

Em suma, vou dormir muito mais descansada esta noite...

quarta-feira, 6 de outubro de 2004

O porco dos túneis

Há o porco dos túneis da montanha, uma besta infernal com dentes de javali ensanguentados, focinho esguio e javardo de uma criatura que acabou de se deliciar com o último forasteiro que se aventurou pelos ditos túneis. Indo em grupos ou sozinhos, todos sucumbem às presas infernais e implacáveis do monstro porco. Não entrem aí, dizem os velhos do fundo da encosta, a montanha está protegida, fujam dela que vos come. O mais novo olha para eles; ainda na semana passada lá entrou um checheno com uma mala e uma mochila e desapareceu nas entranhas. No fim do festim a montanha não o devolveu, apenas arrotou três dentes de ouro.
O porco e a montanha guardam um segredo – as chamadas câmaras do vulcão. No fundo é um labirinto de túneis com um porco hediondo a guardá-los. Qual a razão da invasão de tantos forasteiros ao interior da montanha? É o seu intuito em descobrir o segredo das câmaras do vulcão. E porquê um porco? Bem, foi escolhido um destes porque não é esquisito com a sua dieta, come tudo, até as pedras se estas se mexerem. Só não gosta de ouro – foi assim concebido para não ser subornado.
Em suma: o segredo das câmaras do vulcão está lá inexpugnável... Se calhar nem está.

segunda-feira, 4 de outubro de 2004

VOLTEI

UFFFFF....
Desculpem a minha demora, é que andei a colocar uns professores aí por Cascos de Rolha. Mas o erro informático fez-me saltar a tampa da garrafa! Nem com rolhas nem com nada!, o diabo do computador está possuído! Agora decidiu jogar ao jogo das cadeiras... é óbvio que vão ganhar os professores de educação física!
Ainda bem que deram esta segunda feira de respiro, porque os desgraçados dos professores já andavam estafados de tanto correr à volta de tão desejados assentos. E os alunos então....uiiiiiii

Vou descansar, que tanta correria até a mim me deu a volta ao miolo, e não sou funcionária púbica, ups, pública.

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

da insanidade ao sistema: bilhete ida e volta

é claro q a insanidade é uma perspectiva diferente sobre uma mesma acção à luz de uma cultura muito própria. Eu posso ser o maior anormal ao dizer "e no cuzinho, tb n?" quando estou com o presidente mas ser um gajo porreiro (doido mas porreiro) qd o digo ao zé.

por isso volto a dizer:
"Seguindo as ideias do falecido etnólogo Michel de Certeau, preferimos concentrar a nossa atenção no uso independente dos produtos culturais de massas, um uso que [...] pode não «derrubar o sistema», mas que nos mantêm intactos e autónomos no interior desse sistema; isso pode ser o melhor a que podemos aspirar. [...] Ir à Disneylândia para atirar ácido ao Mickey e ridicularizá-lo não é revolucionário; ir à Disneylândia em plena consciência de que tudo aquilo é ridículo e nocivo e, mesmo assim, divertir-se de uma forma inocente, de maneira quase incosnciênte e psicótica, é algo completamente diferente.É isso que De Certeau descreve como a «arte de estar no meio» e este é o único caminho para a verdadeira liberdade cultural actual. Fiquemos, então, no meio. Adoremos o Baywatch, o Joe Camel, a revista Wired e até os livros resplandecentes sobre a sociedade do espectáculo, mas não sucumbamos à atracção glamourosa destas coisas."

é verdade, eu quero manter-me no meio...
-é preciso é estar assim mas de uma maneira ilegante
...meio com diveros sentidos. Não quero ser radical, quero estar integrado...
-exacto
...mas ser independente. A cultura de estar no meio de tudo (informado, a par) e de estar no meio (no ambiente, integrado) e de ser do meio (não-extremismo).
É, como dizer, o cúmulo do do deselegantismo é, por si mesmo, ser elengante assim, não sendo revolucionários do sistema, demonstramos a perfeita estupidez do mesmo. Ao sermos loucos elegantemente ou normais deselegantemente, demonstramos que os loucos são os do sistema.

Esses sim, vivem afectados na contigências da conjectura situacional enquanto nós, com a mesma afectação, não lhe somos dependentes e procuramos destrui-la. Apenas demonstramos que não é preciso ser ovelha ou pastor para estar no rebanho, podemos ser cão e, melhor ainda, gato!

Por isso mesmo comprei um fato, elegante e normal mas n é o fato que me faz mas eu que me faço com o fato e, melhor, o que eu faço com o fato. E isso é um facto!!

Não é q seja contra o sistema, aliás, há muito que me agrada nele. Mas sou perfeitamente contra os que se dizem contra e não sabem apresentar alternativas. Disse um dia "não sei o que quero, apenas sei que não quero isto!" e responderam-me "és parvo!" e eu calei-me... a força e certeza do argumento inargumentável era dilacerante! Apercebi-me da estupidez do idiota que critica sem alternativa apenas dizendo "está mal!" e não fazendo a mínima ideia do que "está bem". Como é que alguém pode ter uma linha divisória de mal e bem tão bem definida apenas com a noção do mal? E, tendo apenas essa noção, como pode afirmar que não sabe o que está para além disso?

Só pode ser um tolo que não reflectiu o suficiente (ou não o quis!!!). Como é que provo que o sistema não funciona se opto por não o utilizar? Não é ridículo quando alguém diz "não funciona" sem sequer dizer porquê ou, pelo menos, testar? Que melhor argumento há que o facto?

Eu voto na revolução através do sistema e não contra ele.
Se o sistema não dá resposta para tudo, de que nos serve gritar na rua que não nos serve?
Se o sistema não dá resposta para tudo, não nos serve melhor proveito, demonstrar que não nos serve?
Se o sistema somos nós e se ele não nos serve mas ele cá continua... quem servirá o sistema?Nós?!!

Quem são os loucos, nós ou eles? Eu ou tu? Ou ou e?

Lúcido porque não tenho medo de garrafas vazias? Ou louco porque, sabendo que não tenho medo, actuo-o como se o tivesse?

E actuo para quem? Para mim? Para nós? Ou porque sou louco?

E quem me definiu loucura? Eu, tu ou eles?

É o sistema. Loucamente lúcido. Para o sistema. Foi o sistema.

É um sistema louco que nos chama a um louco sistema.

quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Experie(^)ncia!

som... um, dois, três... TRÊS!... som... ah hu, ô... som...

(h!)ah!

Mail do Hugao: demais!!!

"Como manter um nivel saudavel de insanidade..."

Segue a lista completa:
1 - No teu horário de almoco, senta-te no teu carro estacionado, põe osoculos escuros e aponta um secador de cabelos para os carros que passam. Vêse eles diminuem a velocidade. :-)
2 - Insiste que o teu e-mail é: xena.princesa.guerreira@rtf.pt oumailto:ouelvis.o.rei@rtf.pt
3 - Sempre que alguém te pedir para fazer alguma coisa, pergunta se quercombatatas fritas a acompanhar.
4 - Encoraja os teus colegas a fazer uma dança de cadeiras sincronizada.
5 - Coloca a tua lata de lixo sobre a mesa e escreve nela "Enfia acabeça!".
6 - Desenvolve um estranho medo de agrafadores.
7 - Põe descafeinado na máquina de cafe durante três semanas. Quando todostiverem perdido o vício da cafeína, muda para café extra-forte.
8 - No verso de todos os teus cheques escreve "Referente afavoressexuais".
9 - Sempre que alguém te disser alguma coisa, responde "isso é o que tupensas".
10 - Termina todas as tuas frases com "de acordo com a profecia".
11 - Ajusta o brilho do teu monitor para o que o nivel dele ilumine toda aárea de trabalho. Insiste com os outros que gostas assim.
12 - Não uses pontuações.
13 - Sempre que possivel, salta em vez de andar.
14 - Pergunta as pessoas de que sexo são. Ri histericamente quando teresponderem.
15 - Quando estiveres num Mac-drive-in, especifica que é para levar.
16 - Canta na ópera com os actores.
17 - Vai a um recital de poesia e pergunta por que é que os poemas nãorimam.
18 - Descobre onde o é que o teu chefe faz compras e compra exactamente asmesmas roupas. Usa-as um dia depois do teu chefe as usar. (Isto eespecialmente efectivo se o teu chefe for do sexo oposto.)
19 - Manda e-mails para o resto da empresa para dizer o que e que estás afazer. Por exemplo: "Se alguém precisar de mim, estou na casa de banho, 3ªporta à esquerda, 2ª sanita".
20 - Põe uma rede de mosquitos à volta da tua secretária. Pôe um CD com somambiente de floresta, durante o dia inteiro e imita ruídos de macaco.
21 - Com cinco dias de antecedência, avisa os teus amigos que não podes irafesta deles porque vai chover.
22 - Liga para o Serviço de Emergência e não digas nada.Quando desligarem, volta a ligar. (esta é horrivel!!!!!!!!! Sou contraisto!!!!!!!!!!!!!!)
23 - Faz os teus colegas de trabalho chamar-te pelo teu apelido:Duro(a) na Queda.
24 - Quando sair dinheiro da caixa automática, grita "Jackpot".
25 - Ao sair do Zoo, corre na direcção do parque de estacionamento,gritando "Salve-se quem puder, eles estão soltos!".
26 - Sempre que o teu chefe te recriminar, diz "não ligue, são as vozes daminha cabeca".
27 - A hora do jantar, anuncia aos teus filhos: "Devido a nossa situaçãoeconómica, teremos de mandar um de vocês embora".
28 - Todas as vezes que vires uma vassoura, grita "Amor, a tua mãechegou!".

terça-feira, 28 de setembro de 2004

No meu bairro está tudo rico!!

Comentário de Nicolau Santos no Expresso desta semana.

No meu bairro está tudo rico!
Desde quinta-feira vai uma enorme euforia no meu bairro. Foi logo a seguir ao ministro das Finanças ter dito a Judite de Sousa, na RTP-1, que são os 30% mais ricos deste país que investem em PPR, PPR-E, PPA e CPH. É que, a ser assim, 90% desses 30% vivem no meu bairro. E o certo é que o foguetório não tem parado, já se organizaram várias festas de ricos e já houve muita gente do meu bairro que não trabalhou sexta e sábado (os ricos, como se sabe, têm a mania de não trabalhar aos sábados).
O sr. Joaquim da mercearia convenceu a mãe, há dez anos, a fazer um PPR, tendo em conta que a Segurança Social pública não anda lá muito católica e seria bom prevenir o futuro da senhora. Desde quinta, o sr. Joaquim fechou a mercearia e só espera pela herança que a mãe, que não anda bem de saúde, lhe vai deixar. E ele que não sabia que era filho de uma das pessoas mais ricas de Portugal!
O sr. João da padaria convenceu-se, há três anos, que era bom fazer um PPR-E, porque o filho ia bem no liceu e depois quereria certamente não só concluir um curso universitário, como também tirar talvez um MBA. Nessa altura, o PPR-E daria jeito. Agora está com um problema em casa. O miúdo ouviu o Bagão Félix, dizer que o pai está entre os 30% mais ricos de Portugal e agora já não quer estudar. Diz que não precisa. Chatices de ricos...
A sra. Ana, ajudante na farmácia, resolveu começar a colocar uns trocos numa Conta Poupança Habitação, visando a compra de uma casinha quando chegar aos 30, ela que têm agora 24. Desde quinta que não aparece no emprego e mandou dizer que não consta que os ricos trabalhem. Acha estranho que a conta bancária continue próxima do zero no final do mês. Mas se o dr. Bagão disse que ela é rica, é porque é verdade.
Quanto ao José, empregado de uma agência imobiliária, que passa o dia a mostrar casas a clientes, resolveu há uns anitos arriscar uns dinheiros num Plano Poupança Acções. Ouviu o dr. Catroga dizer que era uma forma de reanimar o mercado de capitais, que daria uma boa rentabilidade os investidores. Agora que soube que está rico, já escreveu ao dr. Catroga a agradecer a indicação.
E assim a festança não pára no meu bairro. Mas ando preocupado. Soube que o eng. Belmiro se estava a preparar para fazer um PPR e poupar no seu IRS e agora já não o vai poder fazer. O eng. Jardim Gonçalves, que tem muitos filhos e netos, ia apostar nos PPR-E. Também já não vai a tempo. O dr. Artur Santos Silva, que é muito forreta, estava a pensar fazer um CPH no banco de que é presidente - só para poupar 127 euros no IRS! Não pode, porque o dr. Bagão lhe topou os intentos. E finalmente o eng. Mira Amaral ia colocar a sua choruda reforma em PPA. Vai ter de gastá-la noutro sítio.
E eis como finalmente temos um ministro que acaba com os ricos para dar aos pobres. Bem haja, dr. Bagão! E assim já não precisa de investir no combate à fraude e à evasão fiscal, nem investigar a sério o rendimento das profissões liberais, nem combater 50% das empresas que declaram prejuízos, nem estabelecer uma colecta mínima para restaurantes, mercearias e outros pequenos negócios para os quais, como é óbvio, não há qualquer possibilidade de controlo fiscal. Carregue nesses 30% de ricos que investem em PPR, PPR-E, PPA, CPH - e vai ver como resolve o défice e a justiça fiscal desce sobre este país! Força! Que não lhe doam as mãos!

segunda-feira, 20 de setembro de 2004

é uma questão de de educação

Dicionário indispensável a qualquer escritor de estrume... ou de merda!
As aplicações do vocábulo "Merda" são inúmeras.

Por exemplo:
Orientação Geográfica: Vá à merda!
Adjectivo qualificativo: És um merdas!
Momento de cepticismo: Não acredito nesta merda!
Desejo de vingança: Vou fazê-lo virar merda!!!
Acidente: Fizeste merda, não é?!
Efeito Visual: Não se vê merda nenhuma!
Sensação olfactiva: Cheira a merda...
Dúvida na despedida: Por que é que não vai à merda?
Especulação de conhecimento: Que merda é esta?
Momento de surpresa: MERDA!!!
Atitude de ressentimento: Não me deu nem uma merda de presente!
Sensação degustativa: Isto sabe a merda!
Acto de impotência: Esta merda não fica dura!!
Como Insentivo: Rápido com essa merda!
Situação de desordem: Está uma merda!
Rejeição, despeito: O que é que ele pensa, esse merda?
Situação alquímica: Tudo o que ele toca vira merda!
Os Finalmentes: Que Merda !!!!!
Crise das 18h00m: Ainda bem que me vou embora desta MERDA!!!

(H)Ah!

segunda-feira, 13 de setembro de 2004

Cum caneco!!

Isso, é que é trabalhar! Ainda agora nos deitámos e acabámos de acordar e já lá está a foto de ontem?? Chiça penico, chapéu de coco!!

terça-feira, 24 de agosto de 2004

Reacções - comentário ao "O primeiro sinal"

Na realidade não compreendo porque é que isso acontece (refiro-me às fugas premeditadas à discussão que, segundo dizes e eu acredito, temos usado para te dar umas boas cacetadas). Não compreendo pelo que a mim respeita, quero dizer. Discutir contigo (refutando ou não as tuas opiniões) por escrito é-me muitíssimo mais fácil: as tuas palavras não soam tão prepotentes, não sou pressionada pelo teu olhar terrivelmente avaliador. Enfim, tenho tempo para digerir tranquilamente as tuas palavras e para estruturar a minha resposta. Acredites ou não, quando estamos fisicamente juntos evito argumentar o que quer seja contigo, pela mesma razão que defines perfeitamente no teu post: porque me sinto privada da liberdade de não saber. Isso para mim é terrível, sobretudo porque eu discutindo sobre o que não domino, acabo sempre por ficar a saber um pouco mais. Pode não ser uma boa estratégia de aprendizagem, mas é a minha e até aqui não me tem dado muitos desgostos. Muitos, sublinho. Compreendo perfeitamente a tua, como chamar-lhe ... indignação. Eu também prefiro ser atacada a ser ignorada por causa da minha ignorância.

Ainda bem que o que somos é mais do que um olhar ou uma crítica. Somos uma história, risos, muitas palavras, rudes ou doces, abraços, músicas, lembranças. E ainda bem que é isso de que é feita a amizade. Tás a domar a cena?

terça-feira, 17 de agosto de 2004

Pois assim surge o primeiro sinal!

Hmm, afinal um blog não liberta consciências e não desinibe as opiniões, mesmo que sejam de caca (palavra não-original).

Mesmo que ao início assim pareça, surge o momento em que a auto-crítica suplanta a hetero-crítica, antecipando-se e amplificando o efeito desta última que, pela antecipação da primeira, deixa de existir a segunda.

Ora isto assemelha-se muito ao popular paradigma do ovo e da galinha. Por um lado não me exponho porque acho que me vão interpretar mal, ou menos-bem, assim justifico a minha opção pela não-exposição como forma de evitar o conflito. Mas a maior fraqueza destas armas é, exactamente, terem uma culatra frágil. E isto revela-se um perigo, na grande maioria das vezes, maior que o simples não-uso da arma.

Se parece confuso é mesmo porque o é.

Ora vejamos o sofisma:
Estou a descoberto e não gosto!
Procuro uma defesa.
A melhor defesa é o ataque!
O ataque serve-se de armas (ferramentas, estratégias).
Logo, para evitar a exposição, uso uma arma.

Até aqui tudo bem, o busílis está na resposta a: que arma?
E a falácia está na resposta escolhida: uma arma que evita o conflito externo, transpondo-o para o pior local possível – o interior, a consciência.
O adversário que se debata na sua consciência está, à partida, em grande desvantagem e corre sérios riscos de ser vítima do seu próprio logro já que o seu adversário é ele mesmo! E nunca, jamais, em tempo algum, alguém que se digladie internamente poderá ser vencedor sem passar por ser vítima também. A questão que resta é: afinal qual prevalece?

Correndo o risco de ofender discriminadamente sem, no entanto ser essa a intenção, pergunto: porque será que me temem tanto a ponto de evitar o conflito com medo de ser vítima? Não será isso mesmo assinar a sua sentença de vítima mesmo antes que os outros o façam

Reforço que o que me faz reflectir não é censura em si, na medida da omissão de informação. Mas sim a justificação usada para recorrer a esse procedimento do lápis azul. Isso sim, atinge-me como um cacetada, não tão forte senão muito bem aplicada, em cheio!Porque razão me hão-de me privar do direito a escolher apenas pela simples argumentação de que não tenho o conhecimento técnico e, ou, científico o suficiente para poder escolher?E se é verdade?Vedam-me o direito à escolha apenas porque não sei?Porque não desenvolver esforços conjuntos para que eu tenha a informação suficiente para depois, então, escolher e decidir informadamente?

E Mais, se acham que não sou justo o que me poderá ajudar: ignorar a minha justiça fugindo dela ou levar-me a compreender a vossa?

[E o que começa como comentário acaba em post]

Bem haja a todos,

Vício do Som, Tom, Dom

Não era esta a letra que eu queria pôr, mas não quero ilações apesar de as haver e por isso a outra me diz mais qualquer coisa. Enfim, há quem leia o blog, suponho, e permaneço intacta de integridade.
A Naifa, é preciso ouvir, é preciso babar. Falo sempre de música, e de forma pobre e incompleta mas falo do que me fala a mim, perdoem-me. A metafísica não me assalta ultimamente, apetece-me fugir da responsabilidade da razão! Só me apetece os sentidos e a sensibilidade, excepto naqueles momentos pseudo-políticos inclassificáveis em que tudo é estigma e nada devia ser e eu própria estigmatizo todos os conceitos indevidamente e não consigo nunca observar e considerar com isenção. É um lugar onde nunca conseguirei estar, o vácuo pré, livre de preconceitos. Lamento mesmo muito.


Queixas de um utente
Pago os meus impostos, separo
o lixo, já não vejo televisão
há cinco meses, todos os dias
rezo pelo menos duas horas
com um livro nos joelhos,
nunca falho uma visita à família,
utilizo sempre os transportes
públicos, raramente me esqueço
de deixar água fresca no prato
do gato, tento ser correcto
com os meus vizinhos e não cuspo
na sombra dos outros

Já não me lembro se o médico
me disse ser esta receita a indicada
para salvar o mundo ou apenas
ser feliz. Seja como for,
não estou a ver resultado nenhum.

(José Miguel Silva)

segunda-feira, 26 de julho de 2004

A primeira visita

O homem esperava sentado na soleira da porta 24 da rua principal, a algumas dezenas de metros da estação. Tinha ar de quem acabara de chegar de uma terra distante, aliás ao seu lado descansava uma grande mala de plástico preta, parada mas ainda detentora de alguma inércia da viagem. O homem vestia de preto, tinha porte robusto e evidentemente maduro. A sua roupa denunciava a sua condição de solitário viajante, implacável conhecedor do mundo presente e remoto, de quem vem certeiro, enfim implacável.
Comia laranjas e, pelo monte de cascas que tinha a seus pés, já devia ter devorado umas dez. O aroma dos citrinos que devorava já se fazia cheirar a dois quarteirões dali, o suficiente para...
- Ele já está cá! O Imediato chegou.– Informou Catarina que estava de plantão à janela do quinto andar de um prédio da rua principal. –Acabei de cheirar o sinal combinado.- Javier, Careca-filho-da-mãe! Faz o que tens a fazer. Pega no táxi e vai buscá-lo.

sábado, 24 de julho de 2004

Asas Sobre o Mundo/Nas Asas da Saudade

. «(...) Eu sou apenas um guitarrista de pequena música...», respondia Carlos Paredes a António Duarte, do JL, em 1981, depois do jornalista lhe ter perguntado se aceitava dar uma entrevista ao jornal. «Apenas um guitarrista, que nasceu num meio de guitarras, numa família de guitarras. Não de mullheres, nem de homens. De guitarras. (...)A minha música só ficará no espírito daqueles que a viveram no seu tempo. Não tem mais seguidores. Inevitavelmente vao passar...». E continua dizendo que pertence «(...) Como é óbvio ao mundo da pequena música e tenho a experiência suficiente para saber que ela cumpre uma função específica. É que a grande música não deve usar-se em todas as circunstâncias, para seu benefício e de quantos verdadeiramente a apreciam. Por isso, há sempre um lugar em cada canto para a pequena música, um lugar onde ela saberá ser útil à sua maneira».

terça-feira, 20 de julho de 2004

Fantasias

Leio a Playboy pela mesma razão que leio a Nacional Geographic, gosto de ver lugares que sei que nunca irei visitar.
Desconheço o autor (recebi a citação sem referência)
 
Para além de me fazer rir, faz-me pensar.
De que nos servem as fantasias se não são para concretizar, pelo menos, algumas delas?
 
Não corremos o risco de funcionarem no sentido oposto e nos recalcarem ainda mais e de nos conduzirem mais depressa à depressão?
 
Os sonhos deve estar longe o suficiente para serem difícieis de alcançar mas nunca impossíveis, ou, pelo menos, devem-nos fazer acreditar nisso. Empurrar-nos para acção mas não com recompensa fácil e imediata mas sim difícil e realizante.
 
E como questão final, que revista vamos ler agora?

terça-feira, 13 de julho de 2004

Amigos

É tão bom uma amizade assim
Ai, faz também saber com quem contar
Eu quero ir ver quem me quer assim
É bom para mim é bom para quem tão bem me quer.

Que coisa mais linda


Imaginem...
A voz mais doce, o corpo mais frágil, o cenário mais onírico. E esta história contada por esta voz, a sair deste corpo, no centro gravítico do sonho.
Imaginem...
O meu pai é um filósofo, está sempre a magicar ideias. Ele diz que quando nascemos, estamos aterrorizados. Pensamos "- É o fim, vou morrer!". E é só o começo. (...) Na morte, temos medo, pensamos "- É o fim, vou morrer!". E é só o começo, para outro mundo... Em breve este espaço será demasiado pequeno.
(Lhasa de Sela)

quarta-feira, 7 de julho de 2004

A LISTA DO ORGULHO PORTUGUÊS

Lamento discordar da opinião exposta no post "Ai Portugal, Portugal", mas a nossa realidade não é essa. A nossa realidade não é ver tudo negro só porque afinal uma luz se apagou... Continuo sem compreender o que vai nas consciências destes jornalo-critico-analistas, para manter esta nuvem de auto-comiseração sobre o nosso ego. Não ganhámos o campeonato europeu, mas ganhámos a admiração dos nossos parceiros europeus no que respeita ao nível da organização do evento. Não podemos levantar a taça, mas levantámos as bandeiras e as cabeças durante duas semanas.
Mas que raio de comunicação social é a nossa que nos "devolve à triste realidade". Triste realidade têm aqueles que acordam com o mesmo estômago vazio de ontem, têm aqueles cujas lágrimas de dor ressecam nos rostos cansados.
Temos um problemas político? Pois está nas nossa mãos resolvê-lo... com a cabeça erguida e responsabilidade e não como um fardo que nos puseram nas costas. O país é nosso, não é do governo nem da selecção nacional!
Temos excelentes investigadores, excelentes arquitectos, excelentes cozinheiros, excelentes escritores, excelentes empresários, excelentes músicos, excelentes desportistas. Profissionais que são uma referência no estrangeiro, mas praticamente desconhecidos no seu próprio país. Pessoas brilhantes que vão sem dúvida deixar marcas na História. Apresento um desafio a todos os estrumeiros deste blog: tentemos gerar uma lista de personalidades de referência do nosso país, de ideias inovadoras geradas por empresas nacionais. Façamos essa lista chegar mais alto que as vozes roucas daqueles que nos querem fundir de misérias. A lista do ORGULHO PORTUGUÊS.

terça-feira, 6 de julho de 2004

Anjos na América

"(...) existir neste mundo é um doloroso progresso. Da pena do que ficou para trás, da ansia do que está para vir." (Harper, Angels in America)

Cada palavra daqui, cada ideia, é uma catarse, o limite imagético e sensitivo da emoção e da beleza de tudo o que é mais feio e mais bonito. Por favor, façam ouvir-se os anjos. Tenhamos esperança.

segunda-feira, 5 de julho de 2004

Ai Portugal, Portugal

É longo e deixou-me triste...mas se quiserem leiam... É a nossa realidade.

http://ultimahora.publico.pt/shownews.asp?id=1198378&idCanal=56

sexta-feira, 2 de julho de 2004

Injecções de auto-estima aplicadas por via directa no Ego

Não que concorde com tudo o que é escrito aqui, mas dá para me sentir um pouco mais orgulhoso da minha identidade portuguesa.
Diz-se, em Espanha, dos Portugueses e do Portugal

quinta-feira, 1 de julho de 2004

Ela

Ela gemeu até à exaustão, encharcada em cheiros e suores íntimos e tremendo de prazer, enlameada pela luz quadrada cujos vértices marcavam sua pele segundo padrões periódicos no espaço. Os clientes olhavam-na estupefactos, babando-se como crianças.
Soubessem eles, presidentes, clérigos e capitães de Abril, Maio e Novembro, que naquele instante e não muito longe daquele degredo, sob aquela noite chuvosa, de relâmpagos e trovões e cheia de perigos vários, se reuniam num pequeno refúgio onze jovens, filhos de personalidades distintas, a acertar os últimos detalhes d’O Plano.
Com o ultimo trovão da noite culminou o êxtase da rapariga. Soubessem eles que aquele orgasmo deliberadamente sincronizado com o último trovão fazia já parte d’O Plano, que não estariam ali mas no Mar do Norte.
Da noitada resultou uma sala quente do suor colectivo finalmente vazia, mesas sujas de bebida, sofás manchados, nuvens de tabaco inspiradas trinta vezes, doze peúgas, três cuecas e cinco sapatos sem irmão.

terça-feira, 22 de junho de 2004

Haja dinheiro! E para o Estado não vai nada, nada, nada?

O triunfo sobre a Espanha foi também uma boa notícia para os cofres da Federação Portuguesa de Futebol, pois garantiu desde já 8,206 milhões de euros. Só pela qualificação para os quartos-de-final, Portugal, como as outras selecções apuradas, vai receber 1,9 milhões. Some-se a este valor cinco milhões que a UEFA decidiu atribuir a cada um dos países participantes (mais 56 por cento que no Euro 2000) e ainda 1,306 milhões pelas vitórias frente à Rússia (1-0) e, anteontem, à Espanha.

O Euro 2004 é bem mais generoso do ponto de vista financeiro que o seu antecessor, o que é um incentivo extra para as selecções presentes. De facto, a UEFA prevê distribuir 261 milhões de euros às federações nacionais, contra 50 milhões na edição anterior, disputada na Bélgica e na Holanda. Na competição, as selecções recebem 653 mil euros por uma vitória e 326 mil por um empate. Este sistema difere do antigo, que previa montantes fixos em função da classificação final.

Ultrapassada esta fase, por grupos, a prova entra nos jogos a eliminar e não há mais prémios de acordo com a "performance". Cada uma das oito equipas apuradas para os quartos-de-final recebe um pagamento adicional de 1,9 milhões de euros - o que quer dizer que um simples pontapé, como o de Nuno Gomes, pode valer ouro! As que se qualificarem para as meias-finais serão premiadas com mais 2,6 milhões. Para os dois finalistas, a UEFA reservou 3,8 milhões. O vencedor do Euro 2004 leva para casa 6,5 milhões - e, sobretudo, a taça e as medalhas destinadas ao campeão europeu.

Cálculos efectuados pela UEFA indicam que o vencedor do Euro 2004 poderá embolsar até 18,3 milhões. Este montante representa mais 91 por cento que o do Euro 2000, refere aquele organismo. Esta fartura, por comparação com a edição de há quatro anos, apoia-se numas receitas gerais estimadas em 830 milhões de euros, que a UEFA assegurou através dos contratos com as televisões europeias e não-europeias e com os seus múltiplos patrocinadores.

Mafalda

Estou com o coração cheio! Ontem estive no navio de Santo André...o espaço é simplesmente fantástico, gostei especialmente do sofá vermelho onde ela estava sentada e da fotografia a preto e branco que estava por trás, em que a única coisa que estava a cores era a bandeira de Portugal! É muito bom encontramos pessoas simples que fazem coisas tão bonitas, que escrevem tão bem e colocam uma melodia no meio das palavras. Ela é realmente uma pessoa muito bonita...lá dentro.

sábado, 19 de junho de 2004

Festa nas Cidades

O meu sonho é ser uma estrela de rock.

sexta-feira, 18 de junho de 2004

EURO 2004

Estando nós em pleno EURO 2004 e à beira do fim...ou não...deixo-vos a letra da música oficial.

Nelly Furtado
Title: Forca
Album: Folklore


It is the passion flowing right on through your veins
And it's the feeling that you're oh so glad you came
It is the moment you remember you're alive
It is the air you breathe, the element, the fire
It is that flower that you took the time to smell
It is the power that you know you got as well
It is the fear inside that you can overcome
This is the orchestra, the rhythm and the drum

Com uma forca, com uma forca
Com uma forca que ninguem pode parar
Com uma forca, com uma forca
Com uma fome que ninguem pode matar

It is the soundtrack of your ever-flowing life
It is the wind beneath your feet that makes you fly
It is the beautiful game that you choose to play
When you step out into the world to start your day
You show your face and take it in and scream and pray
You're gonna win it for yourself and us today
It is the gold, the green, the yellow and the grey
The red and sweat and tears, the love you go. Hey!

Com uma forca, com uma forca
Com uma forca que ninguem pode parar
Com uma forca, com uma forca
Com uma fome que ninguem pode matar

Closer to the sky, closer, way up high, closer to the sky

Com uma forca, com uma forca
Com uma forca que ninguem pode parar
Com uma forca, com uma forca
Com uma fome que ninguem pode matar

quarta-feira, 16 de junho de 2004

O pirata do mar do norte

Aos dezasseis dias de um mês, eis que surge na sombra um jovem honesto, amigo do bem, que é bruscamente aliciado a escrever num determinado blog de nome “sequela do estrume”, blog que por sinal nem cheira assim tão mal que justifique o nome, mas deixemo-nos de lamurias e mergulhemos no mundo das trevas. Está uma noite chuvosa e cheia de relâmpagos e trovões, uma noite fria típica de Junho. O referido jovem atreve-se a sair do seu ninho quente e cheio de concubinas para se aventurar pela noite horrenda, cheia de perigos e ameaças que acobardam o inocente rapaz, filho do embaixador da Turquia e de uma jornalista sueca conhecida pelo seu trabalho em prol da defesa e exploração dos valores de culturas de países como Tibete e Burkina Faso.
Presa do seu charro tirado da pequena gaveta de um pequeno armário de um pequeno escritório onde seu pai costumava viajar pelo tempo, fuma e vai ao encontro de um pequeno refugio de jovens onde é convidado a escrever no referido blog – convidado por um pirata do mar do norte de uma maneira muito subtil com uma faca encostada ao pescoço. Resolve-se a escrever um texto de merda e só mesmo um louco é que lia isto. Se o caro leitor conseguiu ler até aqui bem-vindo então ao mundo da incerteza e da incapacidade de produzir ideias produtivas para a sociedade. E com estas palavras acabo este texto de merda.

terça-feira, 15 de junho de 2004

Haaaaaaaa

Haaaaa, andam para aí outros blogs com as mesmas coisas escritas que nós temos aqui!!! Plágio! Plágio!

segunda-feira, 14 de junho de 2004

Pintando amigos

Ausentei-me por um segundo e foi quando todos me bateram à porta. Ausentaram-se por um segundo e eu subi a uma árvore e chorei. De tão alto ainda os vi, já iam longe... Mas da ausência deles nasceram umas asas em mim que, apaixonada, me lancei aos céus e voei até eles. Bati-lhes à porta e todos estavam lá. Pedi-lhes para que mos deixassem pintar, pintá-los eternamente nos meus olhos. Com um sorriso único posaram para mim.

calor

Há quem diga que quem nasce nos meses de Inverno se dá melhor com o frio e vice-versa...eu cá não sei...mas estou que nem posso...Derreti!

Hoje queimei uma verruga

É tremendo ver que alguma coisa que não és tu, rasga a tua pele e cresce até ao tamanho de uma pequena protuberância inestética e incómoda. Não és tu porque é um vírus, mas anda sempre contigo, sempre dentro de ti. Até que um dia decide ganhar expressão, sair, manifestar-se, mostrar que faz o que quer. E então, sem muito alarido, vai crescendo e sem ser um tormento, vai doendo. E está ali, à vista, asquerosa montanha infectada!
Assim são as palavras, os argumentos, as opiniões, os preconceitos. Nenhum deles és tu, mas de todos és hospedeiro, incubadora de vírus. E às vezes saem da tua boca como diabos das profundezas, manifestam-se! E não os podes parar... e os que estão à tua volta são atingidos por esses projécteis virais que se aerotransportam.
Hoje queimei uma verruga que cresceu na minha pele: o azoto líquido concebeu o perdão eterno a uma coisa que não tendo vida própria, consome a tua por onde lhe convém.
No entanto ainda me sobram muitas verrugas por queimar, mas a essas não afecta nenhum tipo de criogenia. São as verrugas da alma que escupem argumentos que nunca o foram: a anti-dialéctica.

eternal sunshine of the spotless mind

hoje apetece-me mesmo fugir, faltar ao trabalho e apanhar um comboio promissor para montauk ou mesmo para a barra e caminhar por algum lado sem encontrar ninguem ou alguem que nao me perturbe ou mesmo muitas pessoas sem que me pareca estar numa multidao.

apetece-me ouvir musica a ecoar na cabeça sem que nenhum radio soe, so de forma a que sinta o mesmo que quando estou no cinema, uma esmagadora sensacao de beleza quando o filme é mesmo bom. apetece-me sair daqui e que lá fora seja como um filme e que os sentidos se apaziguem das torturas e a razão faça tréguas com os erros e o dia seja diferente.

domingo, 13 de junho de 2004

ou o espermatozóide é uma meia-célula ou a mula não é um ser vivo.

É o simples prazer de deitar conversa fora que nos move nas discussões mais acesas. A esquisita sensação de pertença que experiênciamos aquando, no esgrimir de argumentos, nos encontramos em situação de não-desvantagem.
Assim, a realidade é apenas o que, os que à nossa volta e em quem, cumulativamente, confiamos ou atribuímos valor e importância, confirmam.

Por essa mesma razão enjeito a limitativa segmentação de nós, seres, no mínimo, tridimensionais, à unidireccionalidade, por outras palavras: a uma única dimensão.
Eu não sou de esquerda como profetiza Ander-Egg quando se refere à posição política de um bom, de um verdadeiro, animador. Nada disso!
Eu não sou de direita exactamente por querer ser animador! Nada disso!

O que eu não concebo, e até repudio é a dita coarctação das ideias, ideais, valores, crenças e atitudes à direccionalidade única! Só as concebo, no mínimo, em mais do que três dimensões já que não são palpáveis mas que existem, existem.

Se tenho de escolher porque dessa escolha depende a minha integração social (o que duvido veementemente), prefiro escolher a direita apenas por questões semânticas mas que imediatamente indefiro porque me dar conta da fraqueza do argumento embora, mesmo assim, o ache curioso apenas pela sua fundamentação: Ser dextro significa (também) ser desembaraçado, hábil, perito; enquanto ser esquerdino significa canhestro, embaraçado, desajeitado, feito às canhas.

Independente de tudo mais, acho que o que deve ficar desta estrumeira é a satisfação do alívio. Não cago porque não gosto da retrete, muito pelo contrário e vice versa. Eu cago porque me alivia e só cago onde gosto.

sexta-feira, 11 de junho de 2004

O povo

O povo aclama-me...
O povo mata-me...
O povo não é sereno!!!

Será isto por eu Gémeos? Os Sagitários que se expliquem ou morra quem se negue!

Aconteceu-me uma coisa estranha há uns dias atrás. Muitos de vós saberão que participei recentemente numa conversa da qual saí, por tomada decidida de posição e convicção profunda, rotulada mais uma vez de quasi-comuna, salvaguardando a caricatura e as devidas distâncias. Isto é, sou notoriamente de esquerda, de uma esquerda bem esquerdina. Ora mais tarde, um outro amigo disse-me assim sem mais, sem contexto prévio, que me considera a pessoa mais à direita de todas com quem se dá mais proximamente. Não sei o que pensar disto e assustou-me sobremaneira!

quarta-feira, 9 de junho de 2004

Toda a gente sabe e ninguém faz nada - somos todos cúmplices!

Recebi (parece-me que com atraso de uns mesitos) os seguintes correios:

"Entre Março de 2003 e Março de 2004, o Município Lisboeta adquiriu 11 viaturas topo da gama no valor de 600.000 euros. Nove da marca Peugeot a quase 50.000 euros cada, um Lância Thesis de igual valor e um AudiA8 4.2 V8 Quattro de 115.000 euros. Acresce registar que o Audizito consome 19,6 litros de gasolina em circuito urbano! Segundo Santana Lopes foi um bom negócio, visto que, e segundo ele, o seu antecessor gastou mais dinheiro. Os carros substituídos não estavam velhos, tinham três anos! Porquê este despezismo, estando o país na situação económica em que está?Carros topo da gama com três anos, são carros velhos? João Soares deixou um Volvo S80. Será que este carro com três anos não está em condições de circulação? Porquê a necessidade de um Presidente de Câmara circular num Audi A8 4.2 V8 Quattro? Ainda por cima num país que está de tanga! O Lância Thesis foi para a vereadora do PSD Teresa Maury e os Peugeot para os outros colegas de partido. O vereador do PS, Vasco Franco continua com o seu Laguna de 99 e o seu colega do PCP, António Abreu também continua com o seu laguna de 98!Giro não é?"

"23 mil contos! Qualquer coisa como 115 mil euros. Foi este o preço que a Câmara de Lisboa deu para o carro do seu presidente Pedro Santana Lopes. Um Audi idêntico ao do Presidente da República."

Volto a citar o meu amigo Lagarto: por favor VACINEMO-NOS! Porque é que toda a gente sabe e ninguém faz nada?

sábado, 5 de junho de 2004

afundo-me algures, michael jordan

O fundamento fundamental fundamenta o fundamentalismo.

quinta-feira, 3 de junho de 2004

quarta-feira, 2 de junho de 2004

ainda não nos tinhamos lembrado desta

"apetece-me cagar...cagar e borrar-me todo...e encher isto tudo de merda!"

segunda-feira, 31 de maio de 2004

Hoje o Sol piscou-me o olho! Não estava à espera desse piropo, mas a verdade é que me exaltou de tal forma o ego que o espelho pela manhã se recusou a devolver-me o meu rosto. Deve tê-lo guardado para pintar um retrato cubista, com certeza; é uma mania antiga que se lhe ficou do antigo dono. E então sorri. Aliás, ri, ri a bandeiras despregadas, gargalhei até não poder mais. Bom, eu até podia mais, mas o vizinho de cima, batendo insistentemente com um pau de vassoura no chão, fez-me recordar que as seis da manhã não são boas horas para despregar bandeiras e muito menos para gargalhar.
Se me piscou o olho, pensei então já mais composta, das duas uma: ou algum vento solar lhe introduziu um neutrino em dito órgão, ou eu lhe despertei algum interesse. Fiquei-me generosa e humildemente pela segunda hipótese. E devo ter acertado, a ver pelo comportamento do espelho.
Isto tudo para dizer que hoje estou feliz. Ou melhor, que hoje sou capaz de ver que sou feliz. Sou feliz!

sobre blogs

digam merda, enfrasquem-se!

droguem-se

e escrevam

excertos de livros de ficcao cientifica

sexta-feira, 28 de maio de 2004

e eles ficam, estão e são

Eram 13h27'34'' quando disse:
e circulavam como se de nada se tratasse mas como se da jornada as suas vidas dependessem.






E eles não estavam errados, aliás, não havia errados nem certos, simplesmente havia, ou haviam.

e quando deram por si não estavam... eram! Eles eram!...

e ali se deixaram ficar, estar e ser.
Como de uma só coisa fossem feitos.... e eram-no, de facto: a energia pura.
e ali se deixaram ficar, estar e ser.

Eles eram para todo o sempre, no ontem, no hoje e no amanhã.
Porque no ontem ninguém pode ficar, estar e ser - tudo em um.
Porque no amanhã ninguém pode ficar, estar e ser - tudo em um.
Porque só no hoje alguém pode ficar, estar e ser. Tudo em um!

Por isso hoje fico, estou e sou. E isto é o meu presente. Tenho de aproveitar, é o meu presente.

eram 13h29'42'' quando disse:
Bem hajam

quinta-feira, 27 de maio de 2004

Fundo

Gosto, gosto deste! Não é demasiado harmonioso, é o melhor! O mais adequado!! Muito bem!

Que bom

Que bom é estar de volta! Vejo a festa, os comentários, os sorrisos no rosto das pessoas por causa do Porto. Ouço-as a dizer "gostava muito de ter estado no Porto ontem, a festejar!" Que bom é voltar a casa, às caras conhecidas, aos locais onde nos sentimos bem e seguros! Eu não tenho muito para contar...afinal foram só quatro dias e em quatro dias não acontece muita coisa, pelo menos muitas coisas das quais queira falar...mas só queria mesmo dizer, que bom é estar de volta às caras conhecidas e que não nos farão mal algum!

Que bom é estar de volta!

sento-me no jardim e penso na vida, hoje

Era meia noite em ponto menos 1 segundo! O sol raiava por entre as nuvens e um homem sentado num banco de pau de pedra, a ler um jornal sem letras à luz de uma candeia apagada, muito bem calado assim dizia: - "Ó lua que vais tao alta, redonda que nem um tamanco; por esta parede acima, sobe um caracol pra baixo; mais vale morrer que falecer, e a terra é uma esfera quadrada que gira parada por entre todas as constelações do Oceano Pacífico".
Não é exactamente assim que diz o homem... Talvez o cenário também não seja exactamente este... Abandona-se-me a memória. Afligir-me-ei?

quarta-feira, 26 de maio de 2004

Os mais velhos nunca conseguiram entender o que era a internet. Provavelmente porque os mais novos nao se interessaram por lhes explicar. A tecnologia avançou mais depressa que as mentes: a distância entre um informado e um leigo atingia quase dimensões genéticas. Para além disso, a sociedade da informação nunca chegou a reger-se por um sistema democrático: a estratificação do conhecimento era tão ou mais evidente que a estratificação económica. E em cada novo dia, os que tinham acesso aos meios informativos aumentavam o alcance do seu conhecimento, ao passo que os milhares de “desinformados” se afundavam ainda mais na sua ignorância.
A milenar sentença “Bem-aventurados os pobres de espírito” deixou de ter aplicação prática nos princípios do século XXI. Os pobres de espírito deixaram então de ter um lugar no mundo e nem o mundo podia gerar mais chão para essa gente. Os novos espaços que iam surgindo eram virtuais, fechados à percepção dos simples. A televisão manipuladora, era o instrumento principal de repressão, de tortura e anulação das mentes. As suas vidas seguiam em função das imagens que diariamente eram meticulosamente escolhidas para os programas televisivos. O fruto proibido do conhecimento nem necessitava ser proibido: para os simples o mundo do conhecimento pura e simplesmente não existia. Ditadura informativa 98 % eficaz!

sábado, 22 de maio de 2004

E porque estrume não é caca

É tertúlia, podem ser difterias criativas ou escorrências filosóficas ou desabafos fermentados.
É bocks, águas, "prato!...".
É Terminal e marisco estragado.
É ahrham e outros que tais.
Ter saudades da fartura de uma vivência que não volta mas, com base nessa, construir outra aproveitando esta que não voltará.

E assim vamo-nos deixando de ouvir na mesma medida em que nos deixam falar.

E a "água" será o meio e o fim. O meio para o "deixei de te ouvir" mas o fim em si mesma para, assim, outro se ouvir ou simplesmente partilhar o momento de beber estando.

sexta-feira, 21 de maio de 2004

Falto-me

Falta-me algo.
O olhar que me devolve o espelho é de interrogação. Pergunta-me algo a que eu não sei responder. E não é só um, são milhares. São milhares de olhares que eu vejo nesse reflexo. São todos os olhos do mundo postos em mim, são todos os juízos do mundo julgando aquilo que sou.
Falta-me algo.
Onde estou não é presente porque o presente nunca me chega. Onde estou não é pergunta, porque fui eu que escolhi este lugar. Mas a verdade, a gélida e branca verdade, é que não me encontro nesse sítio que eu escolhi.
Falta-me algo.
E não é um espírito de descoberta que desperta em mim cada manhã. É um espírito de desilusão pelo que há por saber. Como se o que não se sabe, não viesse a saciar nem um pouco a espectante curiosidade que me assola. Como se o que não se sabe, eu soubesse já que não me chega.
Falta-me algo.
Falta-me sobretudo o que tenho, porque o que não tenho já é negado por esses olhares, já é passado pela minha ausência, já é desilusão pela minha espectativa. Falta-me algo que tenho, porque não o encontro dentro de mim.

Avante Camarada!

Lutar contra os juízos imperfeitos, a reverberação imperfeita ecoante de uma mente ruidosa, os conceitos transformados em pré pela imperfeição da paixão em luta vencedora sobre a razão, lutar, lutar, lutar! E o espaço é maior que tudo isto, no fim de um dia abafado...

terça-feira, 11 de maio de 2004

Da loucura roubada pelos Sábios

Os loucos abrem os caminhos que depois emprestam aos sensatos. [Carlo Dossi]

Ah, loucura! Que nostalgia, que droga viciante a de Ser isento da, insensível à, representação que os demais detêm de mim.
São meus os gritos de guerra contra o vácuo invisível e contra a massa inerte.
E tantas vezes me bato em titânicas lutas que o efeito produzido é a anestesia e me perco sem saber onde me encontro. No vazio invisível? Na massa inerte? Ou num qualquer limbo intermédio? Ou não?...

Quero ser louco, não (apenas) porque me seduz ou porque estou viciado na loucura, mas porque escolho ser e escolho-o na harmonia da eterna e ilimitada possibilidade de Ser o que quero Ser na vontade de cada dia sempre programada na eventualidade de não uma mas várias vidas.

Mas escolha consciente pela loucura é a própria negação dela. O paradoxo do actuar inconscientemente consciente.

Se a loucura pode ser entendida como inconsciência, quero ser loucamente consciente. Consciente de todas as possibilidades mas mais ainda que a possibilidade do estar onde estou, do ser quem sou, é resultante de uma escolha consciente - minha.

Porque nos construímos em relações de afectividade e aprendisagem, apreendemos, portanto, aquilo que nos rodeia. Não nego a possibilidade (até a quase certeza) de o processo ser inconsciente mas luto, insurjo-me e defendo a minha possibilidade de escolha de Ser. Não me nego a mim mesmo mas se não me posso construir, posso escolher quem e o que me constrói e, mais ainda, posso escolher não Ser o que sou agora.

Uma loucura que, por existir na dualidade do ser e do existir, é-o na dualidade do pensar e do sentir.
Se até hoje nunca escolhi ser quem agora sou, pelo menos agora posso escolher se quero continuar a ser quem sou hoje.

Inconsciente é não ter conhecimento da hipótese de escolha e, portanto, não saber que a pode fazer (a escolha) - a bela mas cara ignorância; e ela acaba por formar-se por força das circunstâncias, da casualidade e da impaciência da progressão, aparentemente linear, do tempo.

Conscientemente inconsciente é ter conhecimento da hipótese de escolha mas não a tomar - a opção pela alienação mental, coisa repugnante; e ela acaba por formar-se por força das circunstâncias, da casualidade e da impaciência da progressão, aparentemente linear, do tempo.

Consciente é ter conhecimento da hipótese de escolha mas persegui-la insistentemente - uma obsessão mais paralisante que actuante, coisa deprimente; e ela acaba por formar-se por força das circunstâncias, da casualidade e da impaciência da progressão, aparentemente linear, do tempo.

Inconscientemente consciente é ter conhecimento da hipótese de escolha mas saber que o sou eu que opto mesmo que só em retrospectiva. Pretendo a loucura que me coloca em perturbação mental (daí a inconsciência), permanente ou passageira, na qual se regista não a anulação da personalidade individual mas a construção dela (daí a consciência); e ela (a escolha) acaba por formar-se por força do ser aliada à manipulação das circunstâncias, da casualidade e da impaciência da progressão, aparentemente linear, do tempo.

Correr o risco da loucura é, como diz Dossi, preparar caminhos de futuro mas numa liberdade responsável. É admitir que o impossível é uma possibilidade limitada que só existe porque ninguém descobriu quais os seus limites.

Se antes havia menos acesso a recursos, se havia menos possibilidades e menos tempo livre, então porque me deixo constantemente recair na ridícula auto-comiseração do "antes é que era bom"? Posso continuar a acreditar que se fazia mais e melhor mas como posso acreditar que isso se deve unicamente às circunstâncias de antes se eu próprio as vejo como sendo melhores agora?
Não posso!
Como é duro apontar o dedo a mim mesmo, como é redundante e nada original o meu mea culpa!
Pior: como é banal o papel de vítima de mim mesmo e mais banal ainda o das circunstâncias.

A experiência não é aquilo que nos acontece. É o que fazemos com aquilo que nos acontece. [Aldous Huxley]

Eu sou aquilo que me acontece, sou o que faço com aquilo que me acontece.
Eu não posso ser aquilo que me acontece. Recuso-me veementemente!
E que morra se me nego! Pois vivo já não estaria apenas existiria!

Quero o Ipiranga da pobreza de espírito mas não círculo vicioso que rendunda no eco fossilizado e que apenas tem o (des)mérito de deixar a massa inconsciente perplexa e, ou, chocada(Antônio dos Santos: O Grito do Ipiranga: um Grito sem Eco?).

Assim deve ser convosco; mantenham-se loucos, mas comportem-se como pessoas normais. Corram o risco de ser diferentes - mas aprendam a fazê-lo sem chamar a atenção. Concentrem-se nesta flor e deixem que o verdadeiro Eu se manifeste. Veronika Decide Morrer [Paulo Coelho]

Aprender a fazê-lo, usando palavras emprestadas, recorrendo à delicada arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado subtil de se deixar distinguir. (Paul Ambroise Valery).

A massa nunca gostou (nem gosta) de ser confrontada directamente mas sempre se deixou fascinar pela diferença e, sobretudo, pela diferença dos loucos, embora muitas vezes negando-a, repudiando-a.

Bem haja,

É madrugada ou alucinação

Ver tudo com a pequenez cosmológica deste espaço, relativizar, existir com a leveza da contemplação. Isto é o meu budismo, a minha linha etílica de pensamento em circunstâncias sensitivas.
Às vezes, encontrar uma caneta à mão quando um jorro fortuito e instantâneo surge, parece quase extático mas depois, o jorro é mais vómito. Ou mesmo estrume visceral. E retomo o andamento torpe, sóbrio do caminho.
A embriaguez é a minha alegoria cavernosa, a lucidez do absurdo, a leveza, o silêncio e a paz.

quinta-feira, 22 de abril de 2004

O que faz falta é LUCIDEZ

Ele há de tudo: de reis a princesas, de padres a sacristãos. O que têm em comum? Pertencem à "Classe Política". Sim, sim... temos a classe baixa, a média-baixa, média (em vias de extinção), a média-alta, a alta, o jet-7 e a classe política. São uma praga: cada vez há mais a fazer menos. Reunem-se em obscuras sessões de discussões profanas, a decidir os destinos do mundo. Têm outra coisa em comum: todos mandam, independemente da posição na hierarquia política. Veja-se o exemplo do Sr. Aznar (ex primeiro-ministro espanhol), que imbuído de um estranho espírito de salvação da pátria, telefonou ao Sr. Bush para se desculpar da lamentável atitude do seu chefe de governo (Sr. Zapatero) de retirar as tropas espanholas do Iraque. Porque é que o Cavaco Silva não me telefona a mim, a pedir-me desculpa pela bacorada da compra dos submarinos, levada a cabo pelo Portinhas?
Bom, não sei o que achais... mas eu pessoalmente vivo melhor sem eles. Não voto pela anarquia, de modo algum, mas sim por verdadeiros governos. Lamentavelmente não tenho conhecimento de nenhum elemento da classe política com capacidade para desenvolver um governo verdadeiro. Ah, esquecia-me do nosso Saramago... mas esse, apesar de ser candidato a deputado europeu, não pertence à classe política. O que faz falta não é animar a malta... o que faz falta é LUCIDEZ! Tens razão Saramago!

terça-feira, 20 de abril de 2004

Activistas e Consciência Global

Notícia no jornal "Público on line" de hoje:
"20-04-2004 - 17h00
Sociedade
Activistas apelam à indústria química que desista de experiências em animais"

Pergunto-me o que serão, para estes activistas, "animais". Uma pulga do mar é um animal? Uma larva de mosca é um animal? Porque é que eu nunca vi nenhuma manifestação contra as experiências genéticas em moscas da fruta?
E já agora, que mal fizeram as plantas a estes activistas para que elas nunca sejam defendidas contra essas ditas "experiências"?
Gostaria que algum dia todos conseguissemos ter uma visão universal da vida; do papel que cada elemento vivo joga no sistema das relações entre seres vivos. Gostaria que algum dia os activistas concentrassem as suas forças em exigir sistemas de investigação mais justos para todos: todos os elementos vivos, e não só os gatinhos, os cãezinhos ou os macaquinhos... Gostaria que esses activistas saíssem à rua a pedir um controle da produção de alimentos transgénicos, não porque não se sabe se vão fazer algum mal à nossa preciosa saúde, mas sim porque são uma ameaça tremenda à biodiversidade.
Por todos os lados se fazem reivindicações radicais, pensando no hoje e raramente pensando no amanhã. Porque se hoje parassem as experiências toxicológicas em animais, estaríamos a passar uma certidão de óbito a grande parte dos seres vivos cujo habitat se situa nas imediações de grandes centros urbanos.
Que se façam reivindicações conscientes e justas. Que não sejam só para tranquilizar as nossas mentes, que sejam realmente a pensar no futuro, de todos.

.

em Há Tesouros por toda a parte Bill Waterson.

[Será por isso que já ninguém diz nada?]

quinta-feira, 1 de abril de 2004

Internacionalizemos a Amozónia... ou não...

Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos, o ex-governador do Dfe, o actual Ministro da Educação Cristovam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e nco de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.Cristovam Buarque:

"De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra Internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua Internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro...
O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a Internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas a França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas pegas produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele,
Um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixa-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.
Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a Internacionalização do mundo. Mas, enquanto mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!".


Este artigo nunca foi publicado(!) mas, independentemente de ter tido lugar numa qualquer conferência numa qualquer universidade num qualquer canto escuro e esquecido ou tratar-se de uma simples história,... dá que pensar...

terça-feira, 30 de março de 2004

Sonhos: podes ter e podes não ter... ou vice-versa

Alguns têm na vida um grande sonho e faltam a esse sonho. Outros não têm na vida nenhum sonho, e faltam a esse também.
Fernando Pessoa

Imaginárius - Blog de Nuno Martins


quinta-feira, 25 de março de 2004

Abri a janela e vi um livro. Batia as asas febrilmente para não ser arrastado pelo vento. A violência dos seus movimentos faziam-no perder algumas letras, quiçá palavras inteiras. Os raios de Sol batiam no chão e algumas flores choravam de dor e compaixão, mas o chão sofria aquela violência cálida com uma resignação digna de louvor. Acho que o livro nunca me viu, mas eu consegui ler fugazmente uma das frases das suas páginas, quando ordenei ao meu aparelho de visão que passasse para o modo Lento. A verdade é que a frase me desiludiu um pouco: não entrou em mim nem deixou que eu entrasse nela. Já me vinha acontecendo há algum tempo, eu andava preocupado. Três letras caíram agitadas sobre o parapeito da janela e ao sentir a minha preocupação, mostraram-me a língua e fugiram esquivando-se às pancadas dos raios de Sol. Senti-me bastante humilhado com aquele comportamento ordinarão, mas não perdi a dignidade. Os raios de Sol já estavam ameaçadoramente inclinados e pelo sim pelo não fechei a janela.
Dentro de casa tudo na mesma, o computador portátil em cima da secretária, a chávena de chá ainda fumegante e a minha cadeira sozinha de mim. Sentei-me. Pensei que a tese de doutoramento me estava a transformar numa pessoa estranha e até mesmo louca! Onde é que já se viu imaginar raios de Sol num dia de chuva????

quarta-feira, 24 de março de 2004

Ninguém é de Aveiro (versão corrigida)

Estava eu em amena cavaqueira com o Pedro Conde Flor (já de si, o nome promete) quando ele me pergunta de onde sou, ao que lhe respondo que sou de Aveiro. Abismado, confessa-me que perguntar se alguém é de Aveiro é o mesmo que chegar a uma base avançada de sistema de colonização intergaláctica (digamos Marte, base alfa-beta-jota nº1) e pedir para que levantem o dedo os naturais desse posto avançado de penetração intraestelar da raça humana. Ora, qual é a resposta para este enigma? Será Aveiro realmente uma base alfa-beta-jota ou será só que o Pedro não é bom da cabeça?

terça-feira, 23 de março de 2004

Vacinação precisa-se

Tendo acabado de ler o "Samurai: nome de Código", tenho de concordar com a analogia que é feita no livro: a informação é um virus.
E, portanto, a vacina também é informação. Assim, a vacinação geral e maciça é a única forma de evitar a catástrofe. Uma pessoa vacinada (leia-se: informada) é menos susceptível de estar exposta à manipulação do vírus (leia-se: informação) controlado(a) por outrem. Logo: menos sujeita à manipulação!

Qual é a SIDA que este HIV provoca? A ignorância! Que arrasta ainda uma série de efeitos secundários: passividade, alienação, diminuição da capacidade de decisão, diminuição da capacidade de autogestão, entre muitos outros que nem vale a pena aqui relatar. Vão desde a incapacidade de prolongar uma discussão, ou qualquer outro exercício mental/intelectual, por mais do que meros segundos até à deprimente programação televisiva que nos é inculcada diariamente (mas menos mal, caso contrário acabava por investir muito mais tempo na TV que em mim ou em vocês).

Voltando ao assunto…
Vacinar é informar! A vantagem desta ferramenta de desenvolvimento do sistema imunitário intelectual é que pode ser administrada por terceiros, segundos ou até de uma forma autónoma!
Há quem diga que um autodidacta é um ignorante por conta própria, mas eu discuto. Um autodidacta é um doente que recorre a sistema de injecção não-assistida! Por isso, correr grandes riscos de infecção grave embora, por outro lado, possa representar a única solução viável de fuga à doença, num dado momento (embora seja sempre desaconselhável persistir nesta forma de vacinação).

[Imagem de: Toda a Mafalda de Quino.]

Claro está que mesmo as campanhas de vacinação mais potentes deixam sempre escapar alguns. Há sempre uns quantos em quem a vacina não tem efeito nenhum.
Mas, tal como muitos medicamentos, acredito que há nisto uma certa dose de fé, de fé na vacina para que ela própria produza efeito. Parece-me que é necessário ter uma certa consciência no acto da vacinação em si, para que o sistema imunitário responda, rapida e activamente, produzindo os respectivos anticorpos ao virus.

Não é a vacina que mata o virus (aliás, a vacina não é senão o virus em si mas em doses controladas) é a reacção do corpo à vacina. Mas sem a vacina não haveria reacção, embora a vacina sem reacção também não produziria efeitos.
É, em suma, necessária a vacina para estimular a aprendizagem do próprio sistema imunitário.

Desconstruindo a metáfora construida, não é a informação que nos salva, mas o que fazemos com essa informação. Se, com essa informação, não nos obrigamos a despertar o nosso sentido crítico, ficamos sujeitos à manipulação por parte dessa informação. Mas, como a informação não é uma entidade independente, viva, é porque alguém a está a usar para chegar a nós, para nos manipular. Alguém nos quer doentes porque os doentes não dão luta, não se revoltam e, quando o fazem, são fracos e fáceis de derrotar.
É urgente informarmo-nos (vacinarmo-nos) contrar o virus (informação controlada por terceiros com intenções duvidosas). Só com a vacina poderá o nosso corpo produzir o antivirus adequado e necessário.

Bem haja a todos.

Graffiti num autocarro escolar

A autoridade é um vírus, vacina-te.

quinta-feira, 18 de março de 2004

Egoísmo e Comunicação


Acho que somos todos mais frágeis do que gostaríamos, estamos todos ainda a lutar para evoluir, e quando alguém não corresponde às nossas expectativas a culpa não é dela/dele. A aceitação de que ninguém é perfeito e de que o egoísmo e o medo fazem parte da vida ajuda-nos a aceitar as pessoas como elas são, e a ama-las apesar de tudo.

Se eu espero determinada reacção de alguém que não a tem (seja por egoísmo ou qualquer outra coisa) o problema é meu. EU é que construi expectativas. Por que é que alguém egoísta atinge-me tanto? Por que é tão importante para mim que as pessoas se preocupem com os outros, que saibam doar-se? No que é que isso me toca, incomoda-me? [Léa Waider]


Esta é uma das reflexões que mais me atinge, acho que encerra em si mesma uma tão profunda auto-reflexão que me chega a chocar. É daquelas que custa mesmo a fazer. Daquelas que, pondo em prática os seus ensinamentos, grande parte dos nossos problemas interrelacionais ficariam reslvidos mas a preço de um grande esforço que poucos estão dispostos a fazer a tempo inteiro. Penso que nos negamos ao nosso próprio engoísmo como se fosse algum profunda e exlusivamente errado sentir! Ter acções egoístas é uma coisa mas sentir é outra. Pessoalmente tenho tentado perspectivar o egoísmo como parte integrante da minha maneira de ser, é preciso é saber utilizá-lo para o transformar em acções com consequências positivas.

Muita da nossa comunicação "perde-se" por causa desse mesmo egoísmo (mal interpretado). Optamos por ouvir apenas o que queremos ouvir e interpretar da forma como nos convém no momento. Muitas vezes, enganamo-nos a nós mesmos e queremos, à força bruta, acreditar que o outro disse "isto e aquilo" quando "isto e aquilo" não foi sequer aquilo que ouvimos mas aquilo que pensamos que ouvimos! Depois ainda nos damos ao luxo de especular (com base na nossa interpretação errada!) sobre a intenção do outro.
Nota: Atenção! Ler com calma porque não sei se consigo explicar-me melhor.

O processo é deveras complexo:
O emissor pensa em algo [nós nunca pensamos em frases mas em ideias, logo há que traduzir da ideia para a frase], A;
O emissor transmite a mensagem [misturando os seus sentimentos e mais uma data de coisas que lhe passam na cabeça, mesmo sem consciência disso], B;
A mensagem circula num canal que tem ruído [umas vezes mais, outras vezes menos], B';
O receptor recebe a mensagem [o que realmente lhe chega aos sentidos], B'';
O receptor interpreta a mensagem [misturando os seus sentimentos e mais uma data de coisas que lhe passam na cabeça, mesmo sem consciência disso], C;

Entre A e C, há todo um processo onde é muito complicado eliminar o erro. Não é por acaso que opto por dizer B e não A', porque é neste passo (à semelhança de B'' para C) que a grande fatia da propagação do erro na mensagem é feita.
Agora imaginem o que se passa num diálogo, a quantidade de vezes que inúmeros processos destes se interligam criando mensagens tão complexas e tão impregnadas de uma probabilidade de erro que até me admiro como é que o ser humano consegue, efectivamente e alguma vez, comunicar!

Isto tudo, em si mesmo, não é errado mas também não é certo, simplesmente é! O errado ou certo entra depois: no raciocínio que é feito pelo receptor face à mensagem que, segundo nossa visão egoísta (num sentido nada positivo), partimos do pressuposto que conseguimos compreender exactamente o que o nosso emissor queria, efectivamente, dizer. E mais: às vezes temos a lata de ir mais longe, de achar que até sabemos o que o nosso emissor queria dizer mas não disse. Temos a lata de dizer saber o que outro estava a pensar, a verdadeira intenção da sua mensagem.

Temos de deixar de fazer isto? Não!
Eu acho que isto, é como o egoísmo, faz parte de nós e dos outros e não temos de o deixar de fazer, mas sim admitir que, fazendo parte do próprio acto de comunicar, o erro é omnipresente e, logo, temos de aferir a sua probabilidade. Como se calcula isso? Não sei! Mas faço uma sugestão para, em vez de o aferir, garantir a dimunição da sua propagação, da sua presença: Feedback!

Se achavam que eu iría dizer para não falarem tanto, é exactamente o contrário, falar mais ainda mas, conscientes da presença do erro, temos antes de provocar e dar feedback, devolver, em última análise, o nosso C ao emisso para que ele o compare com o seu A. Não digo "eliminar" o erro, porque é impossível, mas tentar multiplicar o processo com sistemas de confirmação e reconfirmação da mensagem recebida para depois, e só depois, partir para a interpretação.
em Toda a Mafalda de Quino.


E mesmo a frase mais directa está sujeita às interpretações mais absurdas.

sexta-feira, 12 de março de 2004

O telejornal é um filme gore

Será que é preciso passarem no telejornal uma gravação de 15 segundos de uma voz aterrada, gritos e explosões ao fundo, para que se perceba a dimensão do horror? Será que o telejornal já é só mesmo um filme gore?

Pensamento do dia

"Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir"
Séneca

Da loucura: numa ténue linha entre a cidadania participativa e o terrorismo


Estando numa de procurar uma resposta (em sintonia com os post's anterior), resolvi fazer o teste de loucura apresentando num post antigo da Joana e o resultado foi:
"Your slightly madder then the average person. In other words, your too damn LAZY to be insane."
E por mais estranho/louco que possa parecer... é verdade!

E mais verdade ainda, é que só não sou mais por uma questão de falta de iniciativa contra o poder instalado.

Poder esse que reside apenas na minha mente e que é fonte de inércia a qualquer acção, seja ela louca ou não, basta apenas ser uma acção diferente. É o terror da mudança associada a uma infinidade de possibilidades, consequências e, ou, efeitos colaterais cujo impacto na vida (a minha, sobretudo) são impossíveis de determinar. Desta forma, o poder instalado funciona como uma droga paralisante que, tendenciosamente e constantemente, me empurra para a simples não-decisão. Nem sequer para a decisão pelo o "não", como resposta firme de uma opção tomada em consonância com os respectivos valores internos que orientam, espera-se, o caminho pessoal para a felicidade! Esta não-decisão é bem pior é bem mais terrível, constrangedora, limitativa, ostracisante. Numa palavra só e apenas: provocadora-da-infelicidade-pela-catalização-da-crise-de-identidade (palavra grande, não?).

Vejo que há que se agite na assistência (ali ao fundo… não é você, é a pessoa ao lado… sim, você aí com a camisola) por achar que me refiro ao eterno chavão chamado consciência (ou como Freud prefere o Alter-Ego) mas não, não, não. Nada disso! A pobre consciência é o bode expiatório, ou melhor, a cabra expiatória. Sendo esse o grande trunfo da droga a que me refiro: convencer toda a gente (e sobretudo os viciados nela) que a culpa é da consciência, do Alter-Ego, e não do seu próprio vício! É um pouco como o que se diz do Diabo sobre a sua existência, ou melhor, de ter convencido o mundo que ele não existe, sobretudo o auto-proclamado “mundo moderno” e, ou, “mundo desenvolvido”. Mas isso são outros blogs.

Voltemos à droga, na falta de encontrar (devido a uma pesquisa insuficiente da minha parte e, ou, falta de vocabulário) uma palavra que identifique a dita Droga de uma maneira mais original e esclarecedora, vejo-me forçado a recorrer à imaginação na construção de novos vocábulos.

Assim me surge um nome: fobia. “Tanta caca (sequelas de estrume) para isto?” Pergunta-se a assistência… pois é… mas a pergunta devia ser mais como: “fobia a quê”? e eu respondo.

Trata-se da droga (o medo terrífico) ao állosmorphé (se por acaso se vêem gregos para perceber é por está certo: é grego!). Trata-se de um medo de mudança (morphé) para um outro (állos) que é um “eu” mais e melhor (e muito diferente do actual “Eu”). Um Eu mais à frente no caminho da felicidade (essa “loucura que sabe quanto vale um beijo” - Jorge Palma).

O pânico da transformação para o desconhecido paralisa-nos nesta procura do “lugar ao sol”, não nos permite actuar de forma louca, nessa loucura que nos satisfaz pela livre expressão daquilo que somos e queremos ser.
Não está errado ter medo, muito pelo contrário, ter medo é sinal de inteligência, é sinal que temos a consciência do risco e das consequências (ainda que apenas de algumas). Agora o pânico é o domínio do medo e é a droga que paralisa, a fobia.

E, para os que acham (na assistência) que o que digo não faz sentido com o início desta diarreia intelectual, eu ajudo: só não sou mais louco porque sou “alomorfóbico” ou seja tenho tendência para entrar em pânico na presença de uma eventual alomorfia (passagem de uma forma para outra muito diferente, metamorfose).

Se mesmo assim, a assistência insiste em achar que não faz sentido, resta-me apenas usar um último trunfo: o estrume também não faz sentido, apenas é.

A Besta Humana

Por amizade ou mero conhecimento, alguém perdeu alguém. Por solidariedade, todos perderam muito. Quase tudo.
(Público, 04/03/12 sobre o atentado em Madrid)

Porquê?

Lutar contra a injustiça custa-me mais do que sofrê-la. Jeanne Roland
Imaginárius - Blog de Nuno Martins

Porquê?
Num exame de consciência daqueles que verdadeiramente me custam, tenho de dizer que em muito me identifico com esta reflexão de Jeanne Roland... o que é triste.
Porquê?
Porque opto eu, tantas vezes, por fechar os olhos e suportar a injustiça apenas porque me é mais fácil suportá-la que mudá-la.
Porquê?
Porque razão eu me voto à traição dos meus próprios princípios e dos meus próprios valores que tão acarinho e defendo em acesas discussões temperadas e estimuladas pela companhia de líquidos fermentados?
Porquê?
Porque me refugio em frases fáceis e tão incoerentes com o meu pensar e, sobretudo, o meu discurso como: "Que é que posso fazer? Nada!" ou "O que é que adianta? Sou apenas um!" ou "Para que me vou eu chatear com isso?"?
Porquê?
Haverá maior hipocrisia?
Porquê?
Que moral tenho para depois acusar Durão Barroso e respectivos associados da hipocrisia deles: "Eu não posso condenar as mulheres mas prometio ao povo português que não promovia nenhum referendo sobre o aborto!"?
Porquê?

Terei alguma vez resposta que não em mim mesmo? Não me parece! Então impôe-se:
Porquê?
Porque venho "publicamente" fazer esta pergunta quando não é mais do que em mim que tenho resposta?