terça-feira, 23 de março de 2004

Vacinação precisa-se

Tendo acabado de ler o "Samurai: nome de Código", tenho de concordar com a analogia que é feita no livro: a informação é um virus.
E, portanto, a vacina também é informação. Assim, a vacinação geral e maciça é a única forma de evitar a catástrofe. Uma pessoa vacinada (leia-se: informada) é menos susceptível de estar exposta à manipulação do vírus (leia-se: informação) controlado(a) por outrem. Logo: menos sujeita à manipulação!

Qual é a SIDA que este HIV provoca? A ignorância! Que arrasta ainda uma série de efeitos secundários: passividade, alienação, diminuição da capacidade de decisão, diminuição da capacidade de autogestão, entre muitos outros que nem vale a pena aqui relatar. Vão desde a incapacidade de prolongar uma discussão, ou qualquer outro exercício mental/intelectual, por mais do que meros segundos até à deprimente programação televisiva que nos é inculcada diariamente (mas menos mal, caso contrário acabava por investir muito mais tempo na TV que em mim ou em vocês).

Voltando ao assunto…
Vacinar é informar! A vantagem desta ferramenta de desenvolvimento do sistema imunitário intelectual é que pode ser administrada por terceiros, segundos ou até de uma forma autónoma!
Há quem diga que um autodidacta é um ignorante por conta própria, mas eu discuto. Um autodidacta é um doente que recorre a sistema de injecção não-assistida! Por isso, correr grandes riscos de infecção grave embora, por outro lado, possa representar a única solução viável de fuga à doença, num dado momento (embora seja sempre desaconselhável persistir nesta forma de vacinação).

[Imagem de: Toda a Mafalda de Quino.]

Claro está que mesmo as campanhas de vacinação mais potentes deixam sempre escapar alguns. Há sempre uns quantos em quem a vacina não tem efeito nenhum.
Mas, tal como muitos medicamentos, acredito que há nisto uma certa dose de fé, de fé na vacina para que ela própria produza efeito. Parece-me que é necessário ter uma certa consciência no acto da vacinação em si, para que o sistema imunitário responda, rapida e activamente, produzindo os respectivos anticorpos ao virus.

Não é a vacina que mata o virus (aliás, a vacina não é senão o virus em si mas em doses controladas) é a reacção do corpo à vacina. Mas sem a vacina não haveria reacção, embora a vacina sem reacção também não produziria efeitos.
É, em suma, necessária a vacina para estimular a aprendizagem do próprio sistema imunitário.

Desconstruindo a metáfora construida, não é a informação que nos salva, mas o que fazemos com essa informação. Se, com essa informação, não nos obrigamos a despertar o nosso sentido crítico, ficamos sujeitos à manipulação por parte dessa informação. Mas, como a informação não é uma entidade independente, viva, é porque alguém a está a usar para chegar a nós, para nos manipular. Alguém nos quer doentes porque os doentes não dão luta, não se revoltam e, quando o fazem, são fracos e fáceis de derrotar.
É urgente informarmo-nos (vacinarmo-nos) contrar o virus (informação controlada por terceiros com intenções duvidosas). Só com a vacina poderá o nosso corpo produzir o antivirus adequado e necessário.

Bem haja a todos.