sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Fiambre

Se o porco tem apenas 4 pernas conhecidas por todos, de onde vem o fiambre de perna extra?... (medo!)

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

100 senso comum

Todo o burro come palha, é preciso é saber dar-lha.
Claro, se lhe deres uma palha muito curta, não só come a palha como também te come a mão.

Todos os pássaros comem trigo e quem paga é o pardal.
O pardal sempre foi um tipo fixe, é um mãos largas.

Tristezas não pagam dívidas. / Em Outubro, paga tudo.
Nota pessoa: nunca emprestar nada aos Tristezas. Excepto se for em Outubro.

Escuta o conselho dos outros e segue o teu.
Mais vale dizer que o conselho dos outros não vale nada, se não é para seguir… Mas se este é um conselho a seguir e se não é meu, como posso seguí-lo?
Sei que não é meu conselho, portanto se o sigo não o estou a seguir, porque me manda seguir o meu conselho que, por sua vez, não é este. Sigo sem perceber…

Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo.
Imagina se o coxo não fosse coxo… ninguém o apanhava!

Bónus:
Mais vale um toma do que dois te darei.

Depende do que oferecem, quando andava na primária tinha muitos “colegas” que sempre que diziam “toma” eu preferia que dissessem duas vezes “te darei”, sempre dava mais tempo para preparar a fuga.

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

[7] No dia em que o céu desapareceu

No dia em que o céu desapareceu, as estrelas esfumaram-se em poeira cintilante que fazia arder os olhos quando tentávamos olhar para cima. Reparámos nisso passados dois minutos após termos saído de casa por causa daquilo que nos pareceu ser uma aurora. Saímos, já as pessoas andavam na rua a navegar, passámos pelos vizinhos e seguimos pela calçada. Entretanto os olhos habituaram-se à poeira sideral – cheirava a estrelas vaporizadas
- onde estavas? Não viste aquilo?
Havia algum pânico, só podia ser pânico mas um pânico novo e agradável pois a emoção da novidade afogava todos os medos. Podia ser uma catástrofe mas o orgulho que sentíamos por presenciar um fenómeno que nem sequer os deuses gregos calcularam fazia-nos esquecer o dia seguinte. Não adianta vir a ciência porque apesar de real, o fenómeno foi puramente fantástico. Fantástico mas real. Como seria o dia seguinte, sem poeira cintilante e agora, pela primeira vez sem estrelas?
Brilhamos como estrelas flamejantes, caímos do céu esta noite, amor
- Não é segredo para ninguém.

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

100 senso comum

Ferida pequena é que dói.
Pois, as grandes matam...

O amor é cego.
Mas cura-se com o casamento

Há que dar tempo ao tempo
Mais?... quer dizer, o tipo já tem o tempo todo e temos que lhe dar o pouco que ele nos deu? Não posso compreender esta generosidade cuja única hipótese é devolver exactamente o que nos deu com a constante sentença de não ficarmos sequer com o tempo que "foi" nosso. Naturalmente, todos se afirmam como não tendo tempo quando, na verdade, o tempo nunca foi deles e, pior ainda, feita a pergunta certa, todos se afirmam cheios de tempo, por exemplo: conheço muitos que dizem ter mais de 20 anos e, no entanto, não têm 5 minutos. Só me resta concluir que são uns arrogantes por terem tanto tempo e egoístas que nem me dão 5 minutos que, afinal, não são deles!...

Mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto.
Bom... se a perder apenas num minuto ainda não é mau. Mas tenho de a encontrar logo porque consta por aí que quem perde a vida por mais que 15 minutos nunca mais a encontra.

Amigo não empata amigo.
Muito infelizmente é verdade, há sempre um que ganha, portanto ninguém empata.

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

100 senso comum

Onde se chora não cantes.
Até porque ficas sem saber se é por cantares ou não...

Quem mal cospe duas vezes se alimpa.
É tudo uma questão de treino, arte e engenho. Cuspir não está ao alcance de qualquer um sem o devido treino. A arte é mais uma questão de maneira de ser, enquanto o engenho obtém-se pela técnica e estudo das condições do meio e dos instrumentos (boca, língua e matéria-prima).

Boi velho, rego direito.
Nem todos, há por aí muitos que acabam com o rego torto. Mas cada um faz o seu ou pede que lhe o façam. Correndo graves riscos os segundos.

Se vires as barbas do vizinho a arder, põe as tuas de molho.
Sobretudo pelo risco de teres olhado para o espelho e não pela janela.

Nem tanto à terra, nem tanto ao mar.
Em suma, é a levar com as ondas que se está bem? pois pois...

Bónuns: Mais vale cão vivo que leão morto.
Por acaso prefiro ter o leão morto do que o cão vivo, é que o primeiro já não morde.

Quase

Ainda pior que a convicção do não, a incerteza do talvez, é a desilusão de um "quase".

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver o outono.Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não pergunto, contesto.

A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.Pros erros há perdão; pros fracassados, chance; pros amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você.Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu!

[de Luís Fernando Veríssimo]

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Oração Árabe sobre a amizade

Desejo a todos os inimigos dos meus amigos que:

"Que as pulgas de mil camelos infestem o meio das pernas da pessoa que pense em arruinar o seu dia, e que os braços sejam curtos demais para coçar!
Amém!"

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

[6] A família reciclante

O caso da família que consome e vive do lixo urbano não é novo, remonta talvez às primeiras grandes manifestações da sociedade capitalista. Não é de esperar encontrá-la em cidades pouco desenvolvidas. Este caso passa-se num subúrbio de Paris. Devido ao poder de compra desta sociedade e à facilidade de alheamento dos pequenos utilitários domésticos, verifica-se sistematicamente a coexistência de pessoas com esse lixo. Além de o reutilizarem, estas pessoas comem algum e requalificam o outro. Pode o leitor achar nauseabundo este procedimento mas a verdade é que o comum mortal da urbe desenvolvida deita fora diariamente alimentos ainda frescos. Outro garante bastante comum, talvez o mais importante, é o lixo resultante de superfícies comerciais como supermercados e hipermercados – nestes obtém-se grandes quantidades de frutas e legumes que não apresentando os limites mínimos de qualidade para estar numa prateleira, são ainda comestíveis bastando apenas remover a parte podre.

Maioritariamente, este procedimento é praticado por mendigos e pelos sem-abrigo mas existem também pessoas da classe média com emprego e ordenados razoáveis a praticar estes métodos. Fazem-no porque é economicamente aliciante, encaram-no como um desafio e uma postura moderna perante a sociedade. São estes últimos que pretendemos retratar mais tarde.

quarta-feira, 17 de agosto de 2005

sábado, 23 de julho de 2005

Carta a Meus Filhos sobre os Fuzilamentos de Goya

(por Jorge de Sena)

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível, ainda quando
lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer uma delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim, amaram o seu
semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente à secular justiça,
para que os liquidasse com suma piedade e sem efusão de sangue.
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anónimamente quanto haviam vivido,
ou as suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de uma classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos,
apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez
alguém está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum juízo final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam "amanhã".
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é só nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.

sexta-feira, 22 de julho de 2005

Gestão da(s) expectativa(s)

Estamos reduzidos à gestão da(s) expectativa(s).

O que se espera de nós é que sejamos absolutamente nada para nos poderem acusar disso mesmo e, assim, não termos correspondido com as expectativas.

Paradoxal? sim, mas ainda fica pior!.

Estamos reduzidos à gestão da(s) expectativa(s) e nem nisso somos bons: escolhemos as piores expectativas para gerir e gerimo-las mal.

Esperam que sejamos isto e aquilo sem nunca nos darem condições para o ser e, portanto, poderem dizer que não merecemos as ditas condições porque, na verdade, não cumprimos com as expectativas. Colocando a irritante cereja do: "pois, já sabia que não chegavas lá!".

Se já sabem, então porque dizem que tinha "expectativas"! Quando o que tinham é expectativas de não atingirmos os objectivos, de sermos nada.

A conclusão não é simples e é-o ao mesmo tempo. É que afinal, nós cumprimos com as expectativas de ser nada porque são essas as condições que criaram para nós.
No entanto, só o é, porque nós optámos por gerir essas expectativas: as piores. Portanto, aí sim, estamos dependentes das condições que os outros criam para nós. E se não fosse assim? Como seria?

Aqueles que criam as suas próprias condições garantem o seu sucesso e são vistos como loucos ou privilegiados ou ambos! E acabam por ganhar um estatuto (seja qual for o lado para o qual tenda a perspectiva anterior) que os coloca fora de alcance ao comum dos mortais: ou por não querer ou por não poder (ser louco e ser privilegiado, respectivamente).

Em suma, é tudo uma fantochada, uns cumprem com as expectativas dos outros que, por usa vez, os acusam de nunca o terem feito: "ah e tal, eu quando tinha a tua idade também n tinha recursos e safei-me na mesma!"
Os outros queixam-se que não lhes dão as condições: "ah e tal, eu não tenho como é querem que faça? Não me digam que estão à espera que seja eu!"

Nota: Produto da pressão ao comentário, este texto evoluiu para o contra-senso cujo sumário é impossível na medida em que o autor se perdeu nele mesmo chegando aos >1000 caracteres: o limite castrador dos comentários não sucintos, logo, n produtivos enquanto (simples) comentário.

MENTAL OBESITY

(Por Prof. João César das Neves |Fonte: Diário de Noticias em 22/03/2004 (Portugal))

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.

«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»

Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»

O problema central está na família e na escola.

«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»

Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma: «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante. «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»

Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.

«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita paraque é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.»

As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.

«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, (...) a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade.
O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.»

quarta-feira, 6 de julho de 2005

100 senso comum

Uma desgraça nunca vem só.
Coitada, já não basta ser desgraça ainda tinha de andar sozinha!

Tudo o que vem à rede é peixe.
Excepto tudo o resto.

Quem tem boca vai a Roma.
E quem não tem carro vai a pé.

Quem tarda não erra.
Quem tarda não chega sequer a tentar.

Esperança é a última a morrer
Mas morre!

segunda-feira, 4 de julho de 2005

100 senso comum

De noite todos os gatos são pardos.
É uma das grandes maravilhas da natureza mas apenas comprovada em teoria já que nunca ninguém assistiu a essa magnifica metamorfose. Na verdade, eu próprio sempre que tentei, assim que acendia a luz para lhe ver a cor, o raio do gato passava a outra cor que não o pardo. A mim parece-me que se trata de um processo que é mais rápido que a própria luz ou, pelo menos, que a minha reacção entre querer ligar a luz e até a lâmpada acender.

Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer.
Bom... se me deito cedo (cedo = a uma localização relativa no tempo) e me levanto cedo (a mesma unidade anterior) dá... corta, corta, noves fora... nada! Não durmo. Coisa que me perdoem os sabidos mas não dá saudinha nenhuma!

Entre mortos e feridos alguem há-de escapar.
Se calhar sou só eu, mas entre os mortos e feridos não escapou nenhum! Digou eu..

Há remédio para tudo menos para a morte.
Pois, ora aqui está um mal do qual todos padecemos e para o qual a ciência nunca encontrou solução. É que, de facto, nós não morremos das doenças, para essas há curas. Nós morremos de morte, nada mais. O que se passa é que o remédio das doenças mortais é ela própria: a morte. Que, por sua vez, não tem remédio.

Hora a hora, Deus melhora.
E eu na mesma, quer-se dizer-se. Farto-me de trabalhar e fico eu na mesma e esse camandro melhora! Não faz sentido nenhum e a culpa é do sistema.

quinta-feira, 30 de junho de 2005

Preso por ter cão e preso por não ter

Isto é o que se costuma dizer preso por ter cão e preso por não ter...Este artigo (http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1227104&idCanal=96) saiu hoje no público e acredito que quem o leu deve estar com um nó na cabeça...

"Ora então deito abaixo a nespereira, não deito abaixo a nespereira?..."

Então só para clarificar as coisas um bocadinho, as partículas até podem manter a temperatura mais baixa, mas até isso acontecer em 2100...já morremos todos de cancro, problemas respiratórios e afins...

100 Senso Comum

A fome é a melhor cozinheira.
Pois não sei... não sei mesmo. Admito que sempre que tive com a fome e não havia mais ninguém para cozinhar, tive de ser eu a safar-me. Mas não discuto que seja boa cozinhar, simplesmente podia era ser mais trabalhadora.

A morte não escolhe idades.
Pois, naturalmente, era o que faltava! Eu também não escolhi a idade que tenho, simplesmente tenho de aguentar e calar. Já bastam os privilégios que certas e determinadas "pessoas" têm e ainda queriam escolher as idades?

Tristezas não pagam dívidas.
Considerem-se avisados, um amigo de um amigo meu disse que se passou o mesmo com ele e os Tristezas, no caso dele, ficaram a dever-lhe uma pipa de massa.

Quem te cobre que te descubra.
Bom... "quem te cobre"... Pois, pois, o que tu queres sei eu!

Quem nada não se afoga.
Pode ser e pode não ser, a maior parte da malta que se lança à água, sabe nadar. Uns mais e outros uns menos, mas sabem. Os que não sabem, pelo menos intencionalmente, não se metem de molho. Daqui se conlui que o afogado, muito provalvelmente, sabia nadar. Talvez menos bem que os outros que se safam, mas sabia.

quarta-feira, 29 de junho de 2005

100 Senso Comum

Bem se canta na Sé, mas é quem é.
Pois claro, se fosse outra eu não me importava mas era esta que eu mais gostava. Se não consta que a Sé cante por si só e se não é qualquer um que canta bem, pois, se se canta bem na Sé é por ser quem é. Mas... quem é?

Com vinagre não se apanham moscas.
Naturalmente, é melhor um mata-moscas ou uma qualquer rede fina.

De manhã é que comeca o dia.
De tarde já lá vai o meio e à noite já lá foi. O estranho é que um dia tenha 24horas, e que se comece a contar a meio da noite. Ora, quando a manhã chega, já o dia leva umas boas 6 ou mesmo 9 horas. Portanto, dizer que de manhã é que começa o dia acho que é um abuso de tudo o tamanho, ora vejamos, mesmo que sejam apenas 8h já lá vai um 1/3 do dito dia.

Deus escreve direito por linhas tortas
O que me parece é que este deus tem o papel torto ou escreve torto e atira as culpas para as linhas. E mesmo que assim não seja, não me parece nada complicado nem grande feito escrever direito por linhas tortas, não percebo é que tipo de mensagem de deus existe quando escreve direito. "Ai e tal e o camandro, direito"... "diga?"

Guarda que comer, não guardes que fazer.
Guarda que fazer e não guardes de comer, que o comer azeda-se e o trabalho não.

Mais uma contradição da sabedoria popular, ora isto dá... corta... corta... zero: não guardes nada. Por outro lado, nuncagastes tudo!

terça-feira, 28 de junho de 2005

100 Senso Comum e o menos comum dos sensos: uma análise

Resolvi instaurar uma rúbrica não periódica e não contínua e sem fim anunciado.
Dada a indecisão sobre o título da mesma rúbrica, achei por bem colocar os dois melhores que encontrei (ver acima).

E perguntam os senhores leitores e meninas leitoras de que se trata nesta rúbrica.
Pois bem, de tudo e de nada, trata-se o senso comum essa coisa que está transformada numa arte de dar o conselho mais óbvio como sendo o mais inteligente.

Mas deixemo-nos de conversas fiadas e avancemos para a nossa análise:

Quem espera desespera
Quem espera sempre alcança

Do que se conclui que quem alcança é um desesperado.

Cada um trata da sua e Deus da de todos.
Pois, claro, lá voltamos à discriminação, quer dizer, estaremos a falar de um Deus que vê as coisas desta maneira "o que é meu é meu e o que é teu é nosso!". No entanto, ser ateu não é a melhor opção, já que não é meu é ateu. O melhor é ser agnóstico.

Candeia que vai à frente alumia duas vezes.
O que me parece perfeitamente natural já que alumia para lá e, como já conhece o caminho, alumia para cá.

Vale mais passar de burro a cavalo, que de cavalo a burro.
Pois permitam-me que discorde! Mais vale passar a cavalo de um burro do que de burro a cavalo. Para além disso, o cavalo custa dinheiro e o burro é subsidiado.

Vai muito do dizer ao fazer.
Ora aqui está um erro muito grave do ponto de vista da interpretação do texto e da sintaxe, estaremos, possivelmente, perante uma grave lacuna ao nível da literacia. O que de facto vai entre o dizer ao fazer é ao! E não muito! Portanto, o correcto seria dizer: "Não vai muito do dizer ao fazer" ou ainda "Vão ao do dizer ao fazer". Seja como for, não deixar de ser constactar o óbvio.

Mas a "sabedoria popular" é que sabe... ou não!
Cinco por dia, não sabe o bem que lhe fazia!

E depois?

O que se sucede é o seguinte:

o homem parece que acorda sempre com o pé esquerdo e, ao que lhe foi investigado e tal, é verdade, pois portantos está correctos (que é uma coisa que nem toda gente sabe é conjugar os plurais com os plurais e não os plurais com singular).

Mas como ía dizendo, o homem acorda mesmo com o pé esquerdo e não há nada de mal nisso. Também não há mal nenhum em quererem que ele acorde com o pé direito. O mal é em querer que ele não acorde com o pé esquerdo.

O coitado até pode ter sido mordido com pela mosca tsé-tsé e nunca acordar mas daí a não acordar com o pé esquerdo já é querer mal ao homem, então era ele acordar só com o direito? Coitado, da noite para o dia e só acordava com um dos pés?!

Ai, ainda aí muita gente má anda. Ainda no outro dia queriam que desse uma diarreia aos políticos, coitadinhos.

O que se passa é que estas coisas não são sempre o que parecem e o homem continua a acordar com o pé esquerdo tal como com o direito mas mesmo que o homem quisesse, e garanto-vos que quer, ele não pode acordar com o pé direito pois o lado direito da cama está encostado à parede e só se ele fizesse muita força conseguia acordar com o direito sem no entanto acordar no seu quarto mas sim no do vizinho.

O que não me parece justo nem para o homem nem para o vizinho.

Mas prontos, olha... tipo.

O importante era que o dia era um lindo dia, feito com a cor de nuvens e céu, enquanto em baixo estava a terra, naturalmente (até porque se fosse ao contrário acho que ficava um pouco esquisito). Eis que então, 2 ou 3 lá foram e nunca mais voltaram. A bem dizer, nunca mais foram vistos, porque no fundo eles voltaram. Foi é que consequentemente ninguém os conhecia como tal (apenas os conheciam como 2 ou 3, com disse) e eles voltaram como tal, baralhando, assim sendo, todos eles e todas elas.

Diziam-se livres. Não por fazerem o que lhes apetecia mas porque acreditavam nisso. Eram tidos como tolos e, apesar disso, não eram mais que isso.

quinta-feira, 23 de junho de 2005

Resposta ao último post do Lagarto

Aqui vai mais uma proposta de leitura. O meu pai anda a escrever sobre isto e deu-me autorização para vos deixar este trecho. Quero só acrescentar, como resposta às leituras que o Lagarto propõe, que Álvaro Cunhal não é 25 de Abril... há muito mais para entender o 25 de Abril para além do que foi Álvaro Cunhal no nosso país...


"Saying goodbye doesn't mean anything. It's the time we spent together that matters, not how we left it"
"Dizer adeus não significa nada. O que interessa é o tempo que passamos juntos, e não a forma como nos despedimos"
Trey Parker (1969-) and Matt Stone (1971-), TV scriptwritters

Se estiverem lembrados da frase com que abri a minha primeira carta sobre "O dia seguinte I" : " Todo o mundo é composto de mudança....."
É aqui que está o busílis de muitas questões políticas, científicas e religiosas. Quem não assimilou e não se comporta tendo em conta esta máxima, tem poucas hipóteses de sobrevivência neste mundo. Todos os seres neste universo são inadaptados por natureza. É por isso que morrem um dia. Todos têm uma capacidade limitada de encaixar a mudança.

Álvaro Cunhal teve uma vida física e psicológica longa: permaneceu durante quase 80% do século XX. Mas o mundo mudou com uma velocidade cada vez mais acelerada no último quarto do século XX. Mudou primeiro a estrutura da produção, depois a estrutura da sociedade, em seguida a estrutura da economia e por último começou a mudar aceleradamente o figurino político no mundo. Nós os sobrevivos no ano da graça de 2005, estamos na crista da onda dessa mudança.
Se olharmos um pouco para trás, para o lado e para a frente, dar-nos-emos conta da amplitude deste movimento, que afecta pela primeira vez na História a globalidade dos seres humanos.

Mudou primeiro a estrutura da produção......
Desde tempos imemoriais, o valor dos bens de comércio é proporcional ao trabalho gasto para os obter. Karl Marx sistematizou muito bem esta ideia no seu trabalho "O Capital". Mas este economista, imerso no mundo do início da produção industrial, não conseguiu entender (ou não o deixou bem escrito) que o trabalho humano está incorporado nos bens de comércio.
Temos de entender que o ambiente da produção industrial do início do capitalismo moderno no sec XIX mascarava facilmente a estrutura do trabalho incorporado nos bens comerciais e que mesmo a um génio como Karl Marx pode ter passado despercebida a verdadeira estrutura de incorporação do trabalho nos bens.
Aquilo que falta assimilar à maioria dos Marxistas e em particular aos Marxistas Leninistas, é que o trabalho incorporado nos bens é de dois tipos:
- Trabalho vivo, pago ou presente, que inclui o trabalho de toda a cadeia humana, desde o projectista, ao patrão, ao operário da fábrica e aos trabalhadores do ponto de venda ou distribuição.
- Trabalho passado não pago, que inclui todo o saber e técnica acumulados, de gerações mortas passadas ou ausentes, e ainda o trabalho de gerações contemporâneas vivas, condensado nos automatismos cujo custo de reprodução chega a ser milhares de vezes menor do que o seu desenvolvimento.

No último quarto do século XX assistiu-se àquilo que foi convencionado chamar-se 2ª revolução industrial ou como Álvaro Cunhal designava nos seus escritos a revolução científico-técnica. Foi essa mudança que Álvaro Cunhal e outros eminentes estudiosos do mundo inteiro (incluindo em particular a quase totalidade da intelectualidade dos países do bloco soviético) não assimilou e o que é mais grave, ignorou ou classificou erradamente como uma fase moderna do capitalismo.
Essa revolução industrial, baseada nos automatismos e robotização, diminuiu drasticamente o trabalho vivo ou presente incorporado nos bens, o que fez com que o factor base determinante do seu preço descesse para frações do que teria pelo método de produção sem automatismos. Isso é muito visível nos bens que mesmo muitíssimo complexos, são quase totalmente produzidos de forma automática como os bens das:
- tecnologias electro-electrónicas,
- comunicações,
- automóveis,
- químicas (em especial dos plásticos) e até...
- têxteis (produção do fio e do tecido) e nos últimos 5 anos mesmo na confecção.

Depois a estrutura da sociedade....
O reflexo social desta mudança foi a grande diminuição em números absolutos e em percentagem da classe operária na sociedade. Igualmente diminuiu a sua influência política.
No momento presente pode já calcular-se sem grande esforço a data a partir da qual a classe operária será uma classe residual na sociedade, tal como hoje são os artesãos e outros. Isso deve acontecer a partir do meio do século XXI talvez lá para 2075 (pena eu já cá não estar para ver!).
Ora aqui está ! Isto é exactamente o contrário do que profetizam os Marxistas Leninistas e do que Álvaro Cunhal escreveu e deu como directivas ao Partido Comunista Português.
Aqueles que elegem o Marxismo Leninismo como Bíblia e a classe operária como Messias Salvador têm uma atitude religiosa, e por isso, uma fé inabalável no seu destino glorioso redentor da Humanidade e criador do Homem Novo, como diziam os comunistas Russos, que acreditavam ter sido os primeiros a atingir essa meta.
Mas como dizia Galileu aos inquisidores referindo-se à Terra que queriam que fosse o centro do universo criado por Deus: " ... contudo ela move-se".

por António Subida

A pureza do branco!

http://www.this-page-intentionally-left-blank.org/

Fantástico!!
Oxalá pudessemos limpar as nossas mentes de vez em quando!
Branco! Tudo BRANCO! Que lindo!
Seus brancoooooooooooooooooooooooooooooooosssssssssssssooooooooos!
Normalmente não comento muito certo tipo de actuações e figuras históricas, não porque não goste ou não queira (nem que seja para mandar conversa fora!), mas apenas porque o meu país parece que tem vergonha da sua história recente e me impede de a compreender ao mesmo tempo que, por outro lado, me acusa de não a respeitar.

Por isso assumo, não entendo muito bem o que representa o 25 de Abril. Sou capaz de o explicar ao meu filho quando ele tiver 10 anos mas após essa idade terei de dizer apenas a verdade e com frases completas que, no fundo, não conheço.

Sou, por natureza, do contra e gosto que rodear de pessoas inteligentes que também o sejam. Estimula-me à reflexão profunda e dá-me sustento para a digladiação de argumentos.

Nos momentos de devaneio de quando em vez encontro peças desse puzzle que nunca construí como estas duas que muito aconselho à leitura.
Duas formas distintas de ver a mesma pessoa e que, aparentemente, estão minimamente informadas o que não quer que estão certas ou erradas, são apenas isso opiniões que nos dão que pensar.

Aconselho a leitura, por esta ordem:
Leitura 1
Leitura 2

quarta-feira, 22 de junho de 2005

Elogio Fúnebre à falecida Onix

Doridos e doridas, autoridades civis e religiosas, invejosos e invejosas, todos os presentes, minhas senhoras e meus senhoras.

Cabe-me, apesar de bisonha, a sorumbática tarefa de, em breves momentos, situar e levar à reflexão mais profunda a relação que todos nós tivemos durante largos anos com a defunta, que inesperadamente pelo seu descabido e imerecido desaparecimento, hoje aqui nos congrega de forma penosa e trágica, para uma última despedida.

Trazendo à memória alguns dos seus mais marcantes momentos de existência, prestarmos-lhe a ela, que era uma das maiores dignitárias que a nação lusa poderá ter em qualquer época, uma justa e piíssima homenagem, preito da consagração, tributo e veneração que a dignidade e a decência exigem num tempo onde o esquecimento fere mortalmente a nobreza e decoro das existências que se cruzam com as nossas vidas.

Desta forma a nossa voz se levanta, apesar da comoção que habita o mais profundo do nosso ser, pois não se pode ficar calado perante a infâmia e calamidade que ensanguentam a alma daqueles que obtiveram o mais precioso dom que foi a convivência amiga e preciosa daquela que hoje recordamos, a “desejada das linhagens” a “amantíssima da parentela orgaz de quem mergulha nas profundidades da vida”.

Concidadãos e patrícios de uma nação agora mais pobre e pauperrimamente atingida por este desaparecimento que provoca a ira dos vastos céus de Junho, levando-os, como os nossos olhos já testemunharam, ao pranto e à lamentação taciturna: Ergamo-nos, apesar de cabisbaixo o nosso olhar; ergamo-nos, mesmo que a nossa tez sóbria anuncie o desfalecimento provocado pelo tumulto e comoção que estamos a viver.

Claro que nenhum obituário pode ser perfeito para a classificar, e disso temos plena consciência. Sendo assim, e reconhecendo essa limitação, atrevo-me, numa missiva bastante generalista, a fazer uma sinopse daquela a quem hoje prestamos estima e gratidão por ter sido fiel companheira, amiga, camarada, amásia, comborça, colega, confrade, sócia, irmã, parceira, filiada, adepta, simpatizante, condiscípula, apoiante, partidária desta palhaçada que tantas vezes é a vida.

Ela podia ser apreciada o mês inteiro, com a mesma intensidade, sem descrenças, ou sem o apaziguamento necessário em outras relações que possuímos.
Se ela manchava a nossa roupa, a nódoa era facilmente lavável.
Ela tinha sempre uma espera paciente. Nunca nos aborrecia, apresentando-se quando era preciso e disponibilizando-se como reutilizável.
Ela nunca se atrasava.
Ela nunca exigiu que lhe comprássemos flores.
Ela nunca se importou que, mesmo ao lado dela, pudesse fazer um piropo a outra.
Ela jamais nos pressionou com discursos dúbios sobre compromisso, fidelidade ou casamento quando a deixávamos. Nem nunca nos ameaçou com suicídio ou com uma gravidez inesperada.
Ela nunca ficou ciumenta, mesmo naquelas alturas em desejávamos outra.
Ela sempre soube ouvir atentamente as nossas confidências e mesmo os nossos disparates sem nada responder.
Ela sempre foi mais barata que outras que andam por aí.
Ela nunca nos apresentou a sua mãe.
Inesperadamente, depois ter termos passado a noite toda com ela, nunca quis nada em troca, e de manhã estava disponível para nós, não memória que tenha tido sequer uma “dor de cabeça” que a impedisse de cumprir com os seus mesteres e compromissos.
Nós podíamos dividi-la com os amigos.
Com ela nos sabíamos sempre quem a tinha aberto primeiro.
Ela jamais reclamou por igualdade.
Ela nunca nos abandonou nem por um homem, nem por uma mulher.
Ela podia ser apreciada em público.
Ela nunca reclamou, nem quando íamos embora, nem às horas que chegávamos.
Ela, contrariamente às outras, era das tais que gelada se apresentava como muito boa.
Ela nunca precisou de ser lavada antes de experimentada.

Morreu em paz, sem uma queixa, silenciosa e sofrida.

Eis a dolorosa exactidão do momento presente. Inutilmente, agarrados ao seu quase cadáver, tentamos salvá-la com um derradeiro boca-a-boca. Definhou, apesar de todos os esforços na flor da idade, ao abandono, com poucos à cabeceira do seu derradeiro instante.

Extinguiu-se em paz, sem um lamento, muda e resignada.

Ela travou uma luta desigual até ao fim. Depois, conformada com o seu destino, e persuadida de que tudo era inútil, preparou-se para morrer, com elegância, nobremente. O pano de veludo correu, limpando o timbre do fundo da garrafa deixada em cima do tampo envidraçado. As canecas calaram a surdina da última adaptação. E devagarinho, sem um grito, sem um desespero, desfez-se em sombra, morreu, nova e triste,...

Ora em diante, mesmo a maior alegria não será nunca tão grande por mais amigos que reunamos a alomorfia é irreversível. Faltará sempre um bocadinho assim… Mesmo enquanto num qualquer acto de degustação com propósitos pouco claros de resgatar o tão amado e nostálgico paladar, não será mais do que um sonho que sempre nos foge como uma efialta que nos deixará para sempre num marasmo, numa espécie de letargo sem fim.

Porra pra isto...!!!

E se algum dia o restabelecimento for possível, não será sem uma convalescença agreste onde só os mais fortes e audazes terão sucesso. Amiguemo-nos mais ainda caros condiscípulos e consortes pois a peleja em partenariado será, certamente, menos ingrata. E, se a nossa maior concubina nos desampara e despreza agora, convém-nos reflectir se não seremos também culpados de tão amargurada abalada.

Minhas senhoras e meus senhores…

“Paz à sua alma.”






Ai que medo!!

http://www.worldjumpday.org/
Vejam o link!...
E se é verdade?! Ai caneco!! É a loucura!
E se não muda para a órbitra que é suposto e ficamos ainda com mais calor?! Até nos borramos todos!
E salto? Não salto?! Não me vou por pra aí a saltar só pq alguém diz que é melhor! Tão possessos!
Já sei que estamos todos cansados deste estado das coisas mas daí até mudarmos a órbitra da terra!!... Ela não tem culpa, tadinha!
E será que na nova órbitra as estrelas que vemos mudam de posição?! Não quero ficar com uma "paisagem" mais feia à noite! E a lua, como vai ser com a lua?! Ela vem atrás de nós ou vamos ficar mais longe dela?

terça-feira, 21 de junho de 2005

Ai que me rasgas malvado!

Gostava de viver num país onde as estradas não estivessem todas rasgadas e rerrasgadas e rerrasgadas! Malvados!! Rasgam tudo sem pés nem cabeça!! Ai que me rasgas tb a alma! Malvaaaaado!
Dá-me nos nervos!! A vcs não? Rasgão daqui, rasgão dali, buraco daqui, buraco daculi! Fazem lembrar cicatrizes malfeitas e mal amanhadas de carniceiros sem dó nem piedade dos condutores com carros quase a dar o "tilt". Andar nestas estradas que mais parecem caminhos de cabras dá nos nervos a qquer um. Parece que estamos dentro de uma máquina de lavar roupa de tantos abanões que não conseguimos evitar! E depois aquilo não dura uma semana, dura várias, vários meses até!
Ai que nervos! De manhã, é crime! Gagõõõõões!! Havia de vos dar uma caganeira tremenda no dia das eleições e a dar declarações para as televisões (sim pq nada vos impede de aparecer, nem uma caganeira daquelas!) haviam de dar cada peido... E com a força dos peidos haviam de dar saltinhos ao mmo tempo que fazem um sorriso fantástico pra tv. Pummm! mais um peido "ai peço imensa desculpa, tou de caganeira senhores eleitores, mil perdões". Puuum! Olha mais um saltinho!

Ai! Pronto... já melhorei dos nervos :)

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Estatísticas

Tenho a dizer-vos que, consultando as estatísticas que o sitemeter executa para nós, o momento em que este blog atingiu o seu pico de audiências foi em Outubro de 2004. E não foi um pico com dúvida estatisticamente razoável! Foi um pico de 450 visitas contra uma média pouco acima de 100 desde então. Nesse mês aconteceu a SeviciaDoRelatorio neste blog.

Na verdade, já comentava o El Nojo no dia 5 de Janeiro deste ano, em forma de balanço de 2004 em resposta a um post meu, com a sua genial lucidez (como começa a revelar o passar do tempo) que O ano 2004 foi marcado com a Revolução da Sevícia... mas as memórias foram apagadas pelo Haloscan. PQP o Haloscan que nos destroi o passado!

Tiro daqui as minhas ilações da causa->efeito da controvérsia.


segunda-feira, 13 de junho de 2005

Liga de Cavalheiros Extraordinárias

os extraordinários estão velhos e morrem. custa-me.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Já pensaste?!

Já pensaste se o céu fosse por exemplo amarelo?
Se o céu, os lagos e os mares fossem amarelos a nossa perspectiva do mundo seria completamento diferente... e o sol seria azul... andaríamos mais vestidos de amarelo, a nossa pele bronzeada seria de cor roxa... era tudo tal diferente, já imaginaram?
É tudo tão relativo!....

sexta-feira, 29 de abril de 2005

A VIDA QUE LEVO...

DENTRO...

Nem pena, nem pincel. Nem caneta, nem teclado. Nem palavras.
Sempre pensei que tudo se podia escrever. Que sempre haveria uma frase para cada sensação, uma palavra para cada expressão corporal, um som para cada sorriso ou cada lágrima.
Mas debato-me agora com o paradoxo do sentimento: sinto algo que não sou eu! Como posso ousar descrever o que sinto nas minhas entranhas, se o que sinto não sou eu? Mexe-se, toca-me por dentro, mas não sou eu.
Está mais dentro de mim do que eu alguma vez conseguirei estar, mas não recordará nada ... Quem me dera poder recordar aquilo que ele sente dentro de mim! Quem me dera senti-lo também!
É tão transcendente, mas não deixa de ser o antigo processo de reprodução da vida.

Perco as palavras quando tento descrever algo tão aparentemente simples como o sentir o meu filho dentro de mim. E por cada palavra perdida cai-me uma lágrima de júbilo.

É o milagre da vida que me vai na alma mas que o meu corpo não consegue falar.

domingo, 3 de abril de 2005

o horizonte em vertical, o que quer que isso queira dizer

"Preparo-me para repetir uma das actividades mais intensas e emocionantes que conheço: caminhar. Quem dera não viajar de nenhuma outra maneira, não ter que desperdiçar horas preciosas desta breve coisa que é a vida, transportado por comboios, autocarros e aviões, ou encolhido no automóvel - o símbolo do movimento mas que, afinal, nos conduz à mais ridícula forma de imobilidade: a posição de sentado.
A melhor percepção do mundo é-nos dada pelo ritmo dos nossos passos. Só que o mundo é demasiado grande, e tentar percorrê-lo a pé não passa de pura utopia. Guardo então as pernas para uma selecção pessoal do melhor do mundo."

(Gonçalo Cadilhe na sua escrita viajante, desta vez sobre a Patagónia, as montanhas Cerro Fitz Roy e Cerro Torre)

segunda-feira, 21 de março de 2005

FOTOCOPIA E AFIXA EM QUALQUER LATRINA

Encontrei um flyer perdido do nosso inspirador ESTRUME! Diz-se de 22 de Fevereiro, o nº 33, de ano incerto e autoria enigmática. Espero que nos arranque deste marasmo seco, extinto e infértil em que nos rebolamos aqui de há tempos para cá. Renovem-se as intenções, retomem-se os protestos não mais que metafísicos, abandonem-se as pretensões e os pudores, abraçe-se o âmago da tripa neste blog!

A Censura é profilática
A Censura protege o cidadão
A Censura é necessária à conservação da sociedade
O excesso de informação dispersa a consciência, atrofia o raciocínio e imobiliza a convicção
A Censura selecciona a informação que promove o conhecimento

Indivíduos diferentes devem estar sujeitos a Censuras diferentes, baseadas no sexo, idade, sensibilidade e interesses

Todos os indivíduos exercem formas de Censura sobre os outros, sobre o meio e sobre si próprios

A Censura permite uma visão mais clara do mundo, mais próxima de ideais e de discursos politico-sociais
A Censura faz-nos acreditar que não vivemos no meio do ESTRUME

sábado, 26 de fevereiro de 2005

Praguejar!

É o que me apraz dizer!

Pau catrapau... bumm!
Cuspidela em cima.

E mais não faço nem digo já que a culpa não, certamente, da pobre ATM. Mas em alguém ou algo tinha de descarregar o stress acumulado entre as 13h55m e as actuais 02h50m!

Dasss!!!

Bem haja todos os que conseguiram e proMINTO não ter inveja.
É verdade, desisti! (mas só por hoje)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005

O estrume está seco!

Pois, já a seca cá chegou.

Máximas:
O estrume seco não cheira.
O que não cheira não incomoda.
O que não incomoda não provoca mudança.
Não existe desenvolvimento sem mudança.

Logo, estrume seco não desenvolve!

E Protantos é assim! Máinada!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

Os Simples

Os simples parecem não estar na moda. Os órgãos de comunicação não falam deles. Os escritores quase os esqueceram. Os técnicos de marketing ignoram-nos. Os políticos aceitam-nos em tempos de campanha eleitoral. Os jovens não os idolatram como modelo a seguir. E os próprios quase se envergonham de se assumir.

Ser simples é ser despretensioso, disponível, capaz e cumpridor, sem necessidade de evidência ou de galanteio. Ser simples é talvez ser um pouco inocente, algo ingénuo, até vulgar, mas puro, cristalino, transparente.

Ser simples é tudo dar sem nada desejar, pretender ou aceitar. É assim como que uma coisa de outros tempos, que não importa parecer ou até estar, mas apenas ser. Difícil de ser, mas para todos os tempos.

Ser simples não tem que ver com nível cultural ou social; nem com riqueza material. O verdadeiramente simples não precisa de ser pobre ou inculto, nem de se esconder dos prazeres mundanos. Tem a firmeza suficiente para se sentir igual aos outros em qualquer tempo e em qualquer lugar.

Simples é aquele que serve dedicada e discretamente. Chefe que esquece as divisas. Professor que dispensa a cátedra. Mestre que nunca se identifica como tal. Rei apenas na sua simplicidade. Ou também na sua santidade.

Simples são aqueles que amam a Natureza. Que procuram viver de acordo com as leis universais, numa postura de paz espiritual. Que buscam a Verdade Total, assumindo a verdade possível.

Às vezes até parecem parvos, mas não o são. Cândidos, serenos, francos, mas muito duros. Suficientemente duros para manterem um sorriso nos lábios quando os parvos, de facto - coitados -, os consideram como tal. Sorriso de amor, tolerância e confiança. Sabem que todos vão um dia conquistar o direito de também serem simples. Mas não são obrigados a sê-lo. Sê-lo-ão no usufruto do seu livre-arbítrio, no desenvolvimento das suas próprias aptidões, em liberdade e amor espiritual.

Jesus, Gandhi, Martin Luther King, Nelson Mandela, Madre Teresa de Calcutá foram ou são simples como milhares ou milhões de outros seres, das mais diversas raças, das mais diversas culturas, quantas vezes no anonimato de profissões indiferenciadas, integrados nas diferentes classes sociais.

Olhar sereno, leve sorriso nos lábios, aparentando convicção de princípios e irradiando positividade esses seres mantêm permanentemente com naturalidade posições construtivas, em favor do Todo. Evitam criticar, nunca destroem e sempre estão disponíveis para servir interesses identificados como superiores, com a capacidade de se esquecerem de si próprios.

Aos simples dirigiu-se Guerra Junqueiro assim:

"Ó almas que viveis puras, imaculadas,
Na torre de luar da graça e da ilusão,
Vós que inda conservais, intactas, perfumadas,
As rosas para nós há tanto desfolhadas
Na aridez sepulcral do nosso coração;
Almas, filhas da luz das manhãs harmoniosas,
Da luz que acorda o berço e que entreabre as rosas,
Da luz, olhar de Deus, da luz, benção d'amor,
Que faz rir um nectário ao pé de cada abelha,
E faz cantar um ninho ao pé de cada flor;
Almas, onde resplende, almas onde se espelha
A candura inocente e bondade cristã,
Como num céu d'Abril o arco da aliança,
Como num lago azul a estrela da manhã;
Almas, urnas de fé, de caridade e esperança,
Vasos d'oiro contendo aberto um lírio santo,
Um lírio imorredoiro, um lírio abalastrino,
Que os anjos do Senhor vem orvalhar com pranto
E a piedade florir com o seu clarão divino;
Almas que atravessais o lodo da existência,
Este lodo perverso, iníquo, envenenado,
Levando sobre a fronte o esplendor da inocência,
Calcando sob os pés o dragão do pecado;
Benditas sejais vós, almas que esta alma adora,
Almas cheias de paz, humildade e alegria,
Para quem a consciência é o sol de toda a hora,
Para quem a virtude é o pão de cada dia!"

Os simples parecem não estar na moda, parecem não ser importantes. Mas trata-se apenas de aparências. Os verdadeiros valores sempre acabam por conquistar o direito à eternidade. São os simples que detêm o maior quinhão de sabedoria universal; a eles caberá certamente criar condições para a construção de um mundo melhor.

Luís Portela «À Janela da Vida»

quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

12/26

A placa tectónica indiana deslocou-se, embateu com força contra a placa birmanesa, ultrapassou uma resistência há muito existente e quebrou, empurrando para cima, o fundo do mar ao largo da costa de Sumatra.

E foi só isto, cosmicamente.

domingo, 2 de janeiro de 2005

[2004] Rugas de chorar, rugas de sorrir, rugas de cantar, rugas de sentir [2005]

Desafio todos os participantes e leitores deste blog a fazerem um balanço escrito de 2004 e a publicarem-no no blog, em post ou comentário. Pode ser lista, pode ser só um de cada, do melhor e do pior, e se quiserem do mais médio e do menos médio, enfim, soltemos a letra, sejamos loucos e heróicos e balancemos o ano no início do que ainda não sabemos como vai ser. Pode ser que aproveitemos melhor algumas coisas que estão para vir, se pensarmos no que já passou. Eu por mim vou pensando nisto, foi um ano estranho. Vou pensando.
Escrevamos.