sexta-feira, 28 de outubro de 2005

[7] No dia em que o céu desapareceu

No dia em que o céu desapareceu, as estrelas esfumaram-se em poeira cintilante que fazia arder os olhos quando tentávamos olhar para cima. Reparámos nisso passados dois minutos após termos saído de casa por causa daquilo que nos pareceu ser uma aurora. Saímos, já as pessoas andavam na rua a navegar, passámos pelos vizinhos e seguimos pela calçada. Entretanto os olhos habituaram-se à poeira sideral – cheirava a estrelas vaporizadas
- onde estavas? Não viste aquilo?
Havia algum pânico, só podia ser pânico mas um pânico novo e agradável pois a emoção da novidade afogava todos os medos. Podia ser uma catástrofe mas o orgulho que sentíamos por presenciar um fenómeno que nem sequer os deuses gregos calcularam fazia-nos esquecer o dia seguinte. Não adianta vir a ciência porque apesar de real, o fenómeno foi puramente fantástico. Fantástico mas real. Como seria o dia seguinte, sem poeira cintilante e agora, pela primeira vez sem estrelas?
Brilhamos como estrelas flamejantes, caímos do céu esta noite, amor
- Não é segredo para ninguém.

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