quinta-feira, 22 de abril de 2004

O que faz falta é LUCIDEZ

Ele há de tudo: de reis a princesas, de padres a sacristãos. O que têm em comum? Pertencem à "Classe Política". Sim, sim... temos a classe baixa, a média-baixa, média (em vias de extinção), a média-alta, a alta, o jet-7 e a classe política. São uma praga: cada vez há mais a fazer menos. Reunem-se em obscuras sessões de discussões profanas, a decidir os destinos do mundo. Têm outra coisa em comum: todos mandam, independemente da posição na hierarquia política. Veja-se o exemplo do Sr. Aznar (ex primeiro-ministro espanhol), que imbuído de um estranho espírito de salvação da pátria, telefonou ao Sr. Bush para se desculpar da lamentável atitude do seu chefe de governo (Sr. Zapatero) de retirar as tropas espanholas do Iraque. Porque é que o Cavaco Silva não me telefona a mim, a pedir-me desculpa pela bacorada da compra dos submarinos, levada a cabo pelo Portinhas?
Bom, não sei o que achais... mas eu pessoalmente vivo melhor sem eles. Não voto pela anarquia, de modo algum, mas sim por verdadeiros governos. Lamentavelmente não tenho conhecimento de nenhum elemento da classe política com capacidade para desenvolver um governo verdadeiro. Ah, esquecia-me do nosso Saramago... mas esse, apesar de ser candidato a deputado europeu, não pertence à classe política. O que faz falta não é animar a malta... o que faz falta é LUCIDEZ! Tens razão Saramago!

terça-feira, 20 de abril de 2004

Activistas e Consciência Global

Notícia no jornal "Público on line" de hoje:
"20-04-2004 - 17h00
Sociedade
Activistas apelam à indústria química que desista de experiências em animais"

Pergunto-me o que serão, para estes activistas, "animais". Uma pulga do mar é um animal? Uma larva de mosca é um animal? Porque é que eu nunca vi nenhuma manifestação contra as experiências genéticas em moscas da fruta?
E já agora, que mal fizeram as plantas a estes activistas para que elas nunca sejam defendidas contra essas ditas "experiências"?
Gostaria que algum dia todos conseguissemos ter uma visão universal da vida; do papel que cada elemento vivo joga no sistema das relações entre seres vivos. Gostaria que algum dia os activistas concentrassem as suas forças em exigir sistemas de investigação mais justos para todos: todos os elementos vivos, e não só os gatinhos, os cãezinhos ou os macaquinhos... Gostaria que esses activistas saíssem à rua a pedir um controle da produção de alimentos transgénicos, não porque não se sabe se vão fazer algum mal à nossa preciosa saúde, mas sim porque são uma ameaça tremenda à biodiversidade.
Por todos os lados se fazem reivindicações radicais, pensando no hoje e raramente pensando no amanhã. Porque se hoje parassem as experiências toxicológicas em animais, estaríamos a passar uma certidão de óbito a grande parte dos seres vivos cujo habitat se situa nas imediações de grandes centros urbanos.
Que se façam reivindicações conscientes e justas. Que não sejam só para tranquilizar as nossas mentes, que sejam realmente a pensar no futuro, de todos.

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em Há Tesouros por toda a parte Bill Waterson.

[Será por isso que já ninguém diz nada?]

quinta-feira, 1 de abril de 2004

Internacionalizemos a Amozónia... ou não...

Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos, o ex-governador do Dfe, o actual Ministro da Educação Cristovam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e nco de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.Cristovam Buarque:

"De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra Internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua Internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro...
O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a Internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas a França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas pegas produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele,
Um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixa-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.
Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a Internacionalização do mundo. Mas, enquanto mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!".


Este artigo nunca foi publicado(!) mas, independentemente de ter tido lugar numa qualquer conferência numa qualquer universidade num qualquer canto escuro e esquecido ou tratar-se de uma simples história,... dá que pensar...