sábado, 26 de fevereiro de 2005

Praguejar!

É o que me apraz dizer!

Pau catrapau... bumm!
Cuspidela em cima.

E mais não faço nem digo já que a culpa não, certamente, da pobre ATM. Mas em alguém ou algo tinha de descarregar o stress acumulado entre as 13h55m e as actuais 02h50m!

Dasss!!!

Bem haja todos os que conseguiram e proMINTO não ter inveja.
É verdade, desisti! (mas só por hoje)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005

O estrume está seco!

Pois, já a seca cá chegou.

Máximas:
O estrume seco não cheira.
O que não cheira não incomoda.
O que não incomoda não provoca mudança.
Não existe desenvolvimento sem mudança.

Logo, estrume seco não desenvolve!

E Protantos é assim! Máinada!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

Os Simples

Os simples parecem não estar na moda. Os órgãos de comunicação não falam deles. Os escritores quase os esqueceram. Os técnicos de marketing ignoram-nos. Os políticos aceitam-nos em tempos de campanha eleitoral. Os jovens não os idolatram como modelo a seguir. E os próprios quase se envergonham de se assumir.

Ser simples é ser despretensioso, disponível, capaz e cumpridor, sem necessidade de evidência ou de galanteio. Ser simples é talvez ser um pouco inocente, algo ingénuo, até vulgar, mas puro, cristalino, transparente.

Ser simples é tudo dar sem nada desejar, pretender ou aceitar. É assim como que uma coisa de outros tempos, que não importa parecer ou até estar, mas apenas ser. Difícil de ser, mas para todos os tempos.

Ser simples não tem que ver com nível cultural ou social; nem com riqueza material. O verdadeiramente simples não precisa de ser pobre ou inculto, nem de se esconder dos prazeres mundanos. Tem a firmeza suficiente para se sentir igual aos outros em qualquer tempo e em qualquer lugar.

Simples é aquele que serve dedicada e discretamente. Chefe que esquece as divisas. Professor que dispensa a cátedra. Mestre que nunca se identifica como tal. Rei apenas na sua simplicidade. Ou também na sua santidade.

Simples são aqueles que amam a Natureza. Que procuram viver de acordo com as leis universais, numa postura de paz espiritual. Que buscam a Verdade Total, assumindo a verdade possível.

Às vezes até parecem parvos, mas não o são. Cândidos, serenos, francos, mas muito duros. Suficientemente duros para manterem um sorriso nos lábios quando os parvos, de facto - coitados -, os consideram como tal. Sorriso de amor, tolerância e confiança. Sabem que todos vão um dia conquistar o direito de também serem simples. Mas não são obrigados a sê-lo. Sê-lo-ão no usufruto do seu livre-arbítrio, no desenvolvimento das suas próprias aptidões, em liberdade e amor espiritual.

Jesus, Gandhi, Martin Luther King, Nelson Mandela, Madre Teresa de Calcutá foram ou são simples como milhares ou milhões de outros seres, das mais diversas raças, das mais diversas culturas, quantas vezes no anonimato de profissões indiferenciadas, integrados nas diferentes classes sociais.

Olhar sereno, leve sorriso nos lábios, aparentando convicção de princípios e irradiando positividade esses seres mantêm permanentemente com naturalidade posições construtivas, em favor do Todo. Evitam criticar, nunca destroem e sempre estão disponíveis para servir interesses identificados como superiores, com a capacidade de se esquecerem de si próprios.

Aos simples dirigiu-se Guerra Junqueiro assim:

"Ó almas que viveis puras, imaculadas,
Na torre de luar da graça e da ilusão,
Vós que inda conservais, intactas, perfumadas,
As rosas para nós há tanto desfolhadas
Na aridez sepulcral do nosso coração;
Almas, filhas da luz das manhãs harmoniosas,
Da luz que acorda o berço e que entreabre as rosas,
Da luz, olhar de Deus, da luz, benção d'amor,
Que faz rir um nectário ao pé de cada abelha,
E faz cantar um ninho ao pé de cada flor;
Almas, onde resplende, almas onde se espelha
A candura inocente e bondade cristã,
Como num céu d'Abril o arco da aliança,
Como num lago azul a estrela da manhã;
Almas, urnas de fé, de caridade e esperança,
Vasos d'oiro contendo aberto um lírio santo,
Um lírio imorredoiro, um lírio abalastrino,
Que os anjos do Senhor vem orvalhar com pranto
E a piedade florir com o seu clarão divino;
Almas que atravessais o lodo da existência,
Este lodo perverso, iníquo, envenenado,
Levando sobre a fronte o esplendor da inocência,
Calcando sob os pés o dragão do pecado;
Benditas sejais vós, almas que esta alma adora,
Almas cheias de paz, humildade e alegria,
Para quem a consciência é o sol de toda a hora,
Para quem a virtude é o pão de cada dia!"

Os simples parecem não estar na moda, parecem não ser importantes. Mas trata-se apenas de aparências. Os verdadeiros valores sempre acabam por conquistar o direito à eternidade. São os simples que detêm o maior quinhão de sabedoria universal; a eles caberá certamente criar condições para a construção de um mundo melhor.

Luís Portela «À Janela da Vida»