sexta-feira, 12 de março de 2004

Da loucura: numa ténue linha entre a cidadania participativa e o terrorismo


Estando numa de procurar uma resposta (em sintonia com os post's anterior), resolvi fazer o teste de loucura apresentando num post antigo da Joana e o resultado foi:
"Your slightly madder then the average person. In other words, your too damn LAZY to be insane."
E por mais estranho/louco que possa parecer... é verdade!

E mais verdade ainda, é que só não sou mais por uma questão de falta de iniciativa contra o poder instalado.

Poder esse que reside apenas na minha mente e que é fonte de inércia a qualquer acção, seja ela louca ou não, basta apenas ser uma acção diferente. É o terror da mudança associada a uma infinidade de possibilidades, consequências e, ou, efeitos colaterais cujo impacto na vida (a minha, sobretudo) são impossíveis de determinar. Desta forma, o poder instalado funciona como uma droga paralisante que, tendenciosamente e constantemente, me empurra para a simples não-decisão. Nem sequer para a decisão pelo o "não", como resposta firme de uma opção tomada em consonância com os respectivos valores internos que orientam, espera-se, o caminho pessoal para a felicidade! Esta não-decisão é bem pior é bem mais terrível, constrangedora, limitativa, ostracisante. Numa palavra só e apenas: provocadora-da-infelicidade-pela-catalização-da-crise-de-identidade (palavra grande, não?).

Vejo que há que se agite na assistência (ali ao fundo… não é você, é a pessoa ao lado… sim, você aí com a camisola) por achar que me refiro ao eterno chavão chamado consciência (ou como Freud prefere o Alter-Ego) mas não, não, não. Nada disso! A pobre consciência é o bode expiatório, ou melhor, a cabra expiatória. Sendo esse o grande trunfo da droga a que me refiro: convencer toda a gente (e sobretudo os viciados nela) que a culpa é da consciência, do Alter-Ego, e não do seu próprio vício! É um pouco como o que se diz do Diabo sobre a sua existência, ou melhor, de ter convencido o mundo que ele não existe, sobretudo o auto-proclamado “mundo moderno” e, ou, “mundo desenvolvido”. Mas isso são outros blogs.

Voltemos à droga, na falta de encontrar (devido a uma pesquisa insuficiente da minha parte e, ou, falta de vocabulário) uma palavra que identifique a dita Droga de uma maneira mais original e esclarecedora, vejo-me forçado a recorrer à imaginação na construção de novos vocábulos.

Assim me surge um nome: fobia. “Tanta caca (sequelas de estrume) para isto?” Pergunta-se a assistência… pois é… mas a pergunta devia ser mais como: “fobia a quê”? e eu respondo.

Trata-se da droga (o medo terrífico) ao állosmorphé (se por acaso se vêem gregos para perceber é por está certo: é grego!). Trata-se de um medo de mudança (morphé) para um outro (állos) que é um “eu” mais e melhor (e muito diferente do actual “Eu”). Um Eu mais à frente no caminho da felicidade (essa “loucura que sabe quanto vale um beijo” - Jorge Palma).

O pânico da transformação para o desconhecido paralisa-nos nesta procura do “lugar ao sol”, não nos permite actuar de forma louca, nessa loucura que nos satisfaz pela livre expressão daquilo que somos e queremos ser.
Não está errado ter medo, muito pelo contrário, ter medo é sinal de inteligência, é sinal que temos a consciência do risco e das consequências (ainda que apenas de algumas). Agora o pânico é o domínio do medo e é a droga que paralisa, a fobia.

E, para os que acham (na assistência) que o que digo não faz sentido com o início desta diarreia intelectual, eu ajudo: só não sou mais louco porque sou “alomorfóbico” ou seja tenho tendência para entrar em pânico na presença de uma eventual alomorfia (passagem de uma forma para outra muito diferente, metamorfose).

Se mesmo assim, a assistência insiste em achar que não faz sentido, resta-me apenas usar um último trunfo: o estrume também não faz sentido, apenas é.

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