sexta-feira, 1 de outubro de 2004

da insanidade ao sistema: bilhete ida e volta

é claro q a insanidade é uma perspectiva diferente sobre uma mesma acção à luz de uma cultura muito própria. Eu posso ser o maior anormal ao dizer "e no cuzinho, tb n?" quando estou com o presidente mas ser um gajo porreiro (doido mas porreiro) qd o digo ao zé.

por isso volto a dizer:
"Seguindo as ideias do falecido etnólogo Michel de Certeau, preferimos concentrar a nossa atenção no uso independente dos produtos culturais de massas, um uso que [...] pode não «derrubar o sistema», mas que nos mantêm intactos e autónomos no interior desse sistema; isso pode ser o melhor a que podemos aspirar. [...] Ir à Disneylândia para atirar ácido ao Mickey e ridicularizá-lo não é revolucionário; ir à Disneylândia em plena consciência de que tudo aquilo é ridículo e nocivo e, mesmo assim, divertir-se de uma forma inocente, de maneira quase incosnciênte e psicótica, é algo completamente diferente.É isso que De Certeau descreve como a «arte de estar no meio» e este é o único caminho para a verdadeira liberdade cultural actual. Fiquemos, então, no meio. Adoremos o Baywatch, o Joe Camel, a revista Wired e até os livros resplandecentes sobre a sociedade do espectáculo, mas não sucumbamos à atracção glamourosa destas coisas."

é verdade, eu quero manter-me no meio...
-é preciso é estar assim mas de uma maneira ilegante
...meio com diveros sentidos. Não quero ser radical, quero estar integrado...
-exacto
...mas ser independente. A cultura de estar no meio de tudo (informado, a par) e de estar no meio (no ambiente, integrado) e de ser do meio (não-extremismo).
É, como dizer, o cúmulo do do deselegantismo é, por si mesmo, ser elengante assim, não sendo revolucionários do sistema, demonstramos a perfeita estupidez do mesmo. Ao sermos loucos elegantemente ou normais deselegantemente, demonstramos que os loucos são os do sistema.

Esses sim, vivem afectados na contigências da conjectura situacional enquanto nós, com a mesma afectação, não lhe somos dependentes e procuramos destrui-la. Apenas demonstramos que não é preciso ser ovelha ou pastor para estar no rebanho, podemos ser cão e, melhor ainda, gato!

Por isso mesmo comprei um fato, elegante e normal mas n é o fato que me faz mas eu que me faço com o fato e, melhor, o que eu faço com o fato. E isso é um facto!!

Não é q seja contra o sistema, aliás, há muito que me agrada nele. Mas sou perfeitamente contra os que se dizem contra e não sabem apresentar alternativas. Disse um dia "não sei o que quero, apenas sei que não quero isto!" e responderam-me "és parvo!" e eu calei-me... a força e certeza do argumento inargumentável era dilacerante! Apercebi-me da estupidez do idiota que critica sem alternativa apenas dizendo "está mal!" e não fazendo a mínima ideia do que "está bem". Como é que alguém pode ter uma linha divisória de mal e bem tão bem definida apenas com a noção do mal? E, tendo apenas essa noção, como pode afirmar que não sabe o que está para além disso?

Só pode ser um tolo que não reflectiu o suficiente (ou não o quis!!!). Como é que provo que o sistema não funciona se opto por não o utilizar? Não é ridículo quando alguém diz "não funciona" sem sequer dizer porquê ou, pelo menos, testar? Que melhor argumento há que o facto?

Eu voto na revolução através do sistema e não contra ele.
Se o sistema não dá resposta para tudo, de que nos serve gritar na rua que não nos serve?
Se o sistema não dá resposta para tudo, não nos serve melhor proveito, demonstrar que não nos serve?
Se o sistema somos nós e se ele não nos serve mas ele cá continua... quem servirá o sistema?Nós?!!

Quem são os loucos, nós ou eles? Eu ou tu? Ou ou e?

Lúcido porque não tenho medo de garrafas vazias? Ou louco porque, sabendo que não tenho medo, actuo-o como se o tivesse?

E actuo para quem? Para mim? Para nós? Ou porque sou louco?

E quem me definiu loucura? Eu, tu ou eles?

É o sistema. Loucamente lúcido. Para o sistema. Foi o sistema.

É um sistema louco que nos chama a um louco sistema.

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