Escorre-nos pela pele e lava-nos a paciência para máscaras e jogos de comunicação. A assertividade toma-nos de assalto o espírito e georeferencia-nos nos locais onde, durante a luz, estamos mas não queremos que nos vejam.
Apetece-nos os lugares mais estranhos, agarrados à estúpida melancolia de um romantismo ultrapassado. Há quase a crença de que estaremos a ser observados por alguém que nos compreende por inteiro e nos lê como a um livro. E mesmo assim queremos que nos leia em voz alta para que possamos ouvir o que desconhecemos.
Mas alguém não existe, nem no espelho. E amanhã a máscara estará onde a deixámos e de onde nunca tirámos.
Fazemos promessas como que oferendas para apaziguar uma consciência deusificada que nos consome na nossa autocensura qual dicotomia de seres que habitam o paradoxo do universo
linear: ocupando o mesmo espaço e mesmo tempo.
E nesta oblação sorrimos como um terceiro que observa, de longe, o inconho na sua peleja considerando-a um idiotismo absurdo.
Partilhamos os três o mesmo pecado: a ignávia.
E ilustramos a tibieza do nosso (único) carácter (único).
Bem haja
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1 comentário:
O inconho revelou-se ao encontrar a definição da palavra. E todos os outros, por aceitação da sua própria tibiez de carácter, sorriram e, esquecendo as suas máscaras, vestiram alegremente a pele do próprio.
Mas, vestir a pele do inconho não é tão mau se pensarmos que pode ser como um aproveitamento de um cone de ar, impulsionando-nos, para uma possível libertação (seja lá qual for a nossa definição da palavra).
No final, serão sempre estratagemas subtis da nossa mente limitada ao ortodoxo da nossa sociedade e ao paradoxo da nossa vida.
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